quinta-feira, 24 de maio de 2018

Tudo muda. E que bom.

Gosto muito das memórias do Facebook. Gosto de, a meio do dia, perceber o que publiquei nos últimos anos, recordar onde estava, como me sentia, o que fazia dos meus dias.

Hoje, houve uma que me tocou profundamente. Ao que parece, em 2010 escrevi um post bem curto que dizia apenas «descobri a minha vocação outra vez: personal shopper. e era feliz».

Primeiro, adorei perceber que tenho razão e que escrever em algum sítio os nossos sonhos ajuda muito a que se concretizem.
Faço-o desde miúda: descrevo bem o meu objectivo e dobro a folha para depois a esconder - numa gaveta, por detrás da fotografia de uma moldura, numa caixa, não interessa. É um daqueles hábitos estranhos que ninguém nos ensinou mas que fazemos por instinto. 


Em segundo, foi surpreendente perceber que vivo o que um dia não passou de uma graça, uma piada, uma remota hipótese. Em 2010 trabalhava como jornalista e não tencionava mudar de profissão. A minha vida na altura era imensamente diferente daquela que vivo hoje e não imaginava vir aqui parar. O meu mundo evoluiu, cresceu, tornou-se mais livre.

É esta perspectiva que tento transmitir sempre que alguém me procura em desespero, lavado em lágrimas e embebido em preocupação com algum acontecimento importante: a vida muda. A vida transforma-se e transforma-nos. Não ficamos estagnados para sempre, não há como. Não congelamos num momento, numa fase. Não fiquei estudante de Coimbra até agora, aflita com as cadeiras para fazer. Não fiquei noiva para sempre, entusiasmada com a lista de afazeres inerente ao casamento. Não fiquei jornalista na imprensa regional para sempre, pulando de Assembleia Municipal em inaugurações de obras públicas ao longo de cada edição. Não continuei a viver na mesma casa nem a conduzir o mesmo carro, não mantive o mesmo corte de cabelo, o mesmo dia-a-dia ou os mesmos amigos à volta da mesa. 

Tudo muda e isso é bom, principalmente porque não vale só para o lado negativo. A vida também muda para melhor.

Por vezes não conseguimos perceber, dia após dia, semana após semana, que alterações se deram no nosso percurso. Mas à distância, elas estão lá e acumulam-se, virando o cenário do avesso. Crescer também é saber disso e não deixar esse conhecimento esquecido quando os dias não se revelam animadores.

Em terceiro e último lugar, ter lido hoje aquela frase que escrevi há oito anos mexeu comigo por sentir que nunca será suficiente o agradecimento a Deus por tudo o que vai fazendo na minha vida. Foi estranho verificar que estou a viver o que em tempos era apenas um sonho ridículo e distante. Notei que não valorizo a tremenda sorte que tenho como deveria. Talvez isso se deva a esta constante evolução dos sonhos. É que quando alcançamos um objectivo, ele torna-se real e cumprido, pelo que tendemos a criar outro e assim sucessivamente.

Fiquei curiosa para ver onde estarei daqui a oito anos.

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