segunda-feira, 21 de maio de 2018

Royal Wedding

Harry and Meghan
Li muitos posts sobre o acontecimento que marcou o último fim-de-semana. Grande parte deles falavam sobre ciúmes, inveja, dor de cotovelo e vários outros sentimentos que, defendiam, seriam comuns a quem viu a transmissão em directo do casamento do ano.

Discordo tanto. Eu, seguidora atenta da família real britânica, deleitei-me com as imagens e não consigo compreender quando elas fazem nascer mais que felicidade, esperança e tantas outras sensações boas.

Fico feliz por ver pessoas felizes - sejam os vizinhos da porta ao lado ou os membros de uma família tão icónica como os que pertencem à Casa de Windsor.

Neste caso em particular, da plebeia que se torna parte da realeza, há muitos motivos para sorrir: o facto de se tratar de uma mulher outsider a encontrar o verdadeiro amor aos 36 anos é uma prova de que não estou errada por não ceder ao settle for less que tanta gente me tenta impor. 

Acredito que haja um tempo certo para tudo o que se encontra debaixo do céu e que tudo acontece quando tem que acontecer a cada um de nós. Não há certo ou errado nestas coisas, ou seja, não é por casar aos 25 anos que se está correctamente estabelecido na vida, feliz e arrumado. Do mesmo modo, esperar até depois dos 33 para o fazer também não é sinal de total desorganização, leviandade ou má fortuna.

Eles acabaram por se encontrar e o que os une é visível. Isso enche-me o coração. É possível, acontece e não é preciso tentar apressar o que deve acontecer naturalmente. O livre-arbítrio existe mas há coisas que nos estão predestinadas e eu espero ter sabedoria suficiente para saber reconhecer o amor para a vida toda quando ele chegar à minha.

O facto de se tratar de uma mulher mestiça como eu é o detalhe que menos me espanta em toda esta história. Primeiro, porque só o facto de se falar disso é uma incontestável prova de quão atrasada ainda é a espécie humana. Segundo, porque não é a primeira pessoa de ascendência africana a casar com um príncipe (ou será que ninguém se lembra da Angela do Lichtenstein?). 
No entanto, se isso servir para abrir mentalidades tacanhas, óptimo. Se servir para mostrar a crianças que não tenham uma pele branca como a cal que isso não faz delas mais ou menos importantes, bonitas ou felizes e que não era só nos filmes da Disney que uma princesa poderia ser como elas, melhor.

O que me deixou em modo menina romântica durante o fim-de-semana foi a expressão de amor. Aquela sensação de que eles acabaram por se encontrar, no meio desta confusão que as vidas conseguem ser. Que não importa quão diferentes sejam as vidas, as origens, os contextos, os percursos nem quão grandes sejam as distâncias; o amor acaba por nos encontrar.

Se vai ser fácil para uma americana feminista e independente, habituada a ser autónoma e a expressar as suas ideias livremente, integrar-se neste novo papel? Não. Para ela ainda deve ser mais estranho que para uma europeia, já que nós vivemos com um conhecimento mais próximo do que é essa realidade tão distante da de um cidadão comum. Ainda assim, detestaria abrir mão da minha individualidade, da minha maneira de estar na vida, da minha profissão, da minha liberdade.
Contudo, a Meghan casou com alguém que não vive com o peso da obrigatoriedade de subir ao trono. Há uma maior leveza e abertura e isso ficou bem claro na cerimónia e até durante o noivado. Acredito que ele vai estar sempre lá para a orientar e proteger, como fez quando os impiedosos ataques dos tablóides começaram a surgir.

Fico genuinamente feliz por vê-los cúmplices e embevecidos, não houve espaço para mais nada.
Porque só quem não está feliz com a sua vida pode invejar a de outros.

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