quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

triagem

Anna Dello Russo
É interessante como aquilo que se diz sobre os tempos mais difíceis revelarem as verdadeiras amizades é real. É nesses períodos de aridez que nos surpreendemos com alguns e nos desiludimos com outros.

Quanto a mim, foi numa das épocas de maior dor que o meu olhar se tornou mais nítido. De um momento para o outro, as pessoas que tinha como grandes e íntimas amigas, afastaram-se. Não quiseram saber. Não era com eles, era só meu o pesar. Eu que lidasse com ele e me recompusesse. 
Acredito que a maioria das pessoas não saiba lidar com o sofrimento alheio. É cansativo, é aborrecido, é penoso. É muito mais apelativo estar perto de quem sorri sempre, anima sempre, faz rir sempre. Quando a gargalhada é substituída pela lágrima contínua, quando a piada divertida dá lugar ao silêncio do olhar vazio, é mais fácil fugir. 

É bíblico: "Melhor é ir à casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete" (Eclesiastes 7:2). Não é comum, no entanto. 

Por outro lado, é também nesses momentos que as boas surpresas acontecem. Aparece quem nunca esperávamos, preocupa-se quem não julgávamos próximo, puxa-nos para cima quem nunca tínhamos olhado como um amigo. E depois, à distância de algum tempo, percebemos que foi melhor assim e damos graças por ter ficado apenas quem vale a pena. 

2 comentários:

Joana disse...

Tens toda a razão. É triste mas a maioria das pessoas não sabe lidar com quem está a passar por uma fase má, o que acentua o sofrimento. Mas ainda bem que há pessoas que continuam por perto, a apoiar à sua maneira. Beijinhos.

Lady Lamp disse...

Verdade, Joana. E é isso que vale a pena. <3