terça-feira, 16 de janeiro de 2018

voltar a tentar

Kate Hudson
Há dias estive com uma daquelas mulheres adultas, seguras e inteligentes, sem perfil para vítima. A conversa não termina e há sempre qualquer coisa para partilhar, para contar, para pensar em voz alta. E também essas mulheres que não são cola, persistentes ou desesperadas sentem dores de amor. Essas, que abrem a porta para que ele possa sair quando quiser, também sofrem com a partida do outro. Também choram, mesmo que não corram atrás. Mesmo que não façam o jogo da coitadinha.

E no meio do tanto que falámos, ficou cá dentro uma questão. É que acho sempre intrigante que alguém abandone algo maravilhoso para voltar a um lugar onde o topo é mediano. O que leva alguém a deitar a perder um futuro promissor em troca de um passado gasto, velho e bafiento, um sítio de memórias? 

Não há argumento - a não ser o Amor - que me convença de que vale a pena voltar a tentar. Pode ser que funcione? Não vai acontecer. Pode ser que a paixão reacenda? Talvez, por breves instantes, mas num ápice o dia-a-dia a apagará. Temos uma história juntos e isso une-nos para sempre? Sem dúvida, mas à distância é menos nocivo e laços não são nós. As nossas famílias ficam mais felizes assim? E são as famílias que vão andar aos beijos com o outro? O outro precisa de mim? E tu? Do que precisas tu?

Não há como fazer renascer o que morreu. Não há como desfazer a bola de neve de ressentimentos que acabará por explodir ao mínimo disparar de gatilho. Não há como forçar harmonia. 

Será falta de inteligência, o ceder a qualquer tipo de pressão para viver uma vida que não nos realiza, preenche ou fascina?

Que fraqueza é essa que leva tantos a ter medo da felicidade para preferir o mofo de um canto escuro?

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