segunda-feira, 22 de junho de 2015

...e de repente, é Verão outra vez.

Laetitia Casta
Depois de um semestre de eremita, custa-me ter que voltar à realidade. Aos poucos, vou retomando aquilo a que chamam vida, mas a minha foi tão dolorosamente bonita em clausura que quase me fere o contacto humano. Não sei explicar - ou talvez saiba, mas não queira que a honestidade seja lida como prepotência. 

E é Verão, apesar de sentir Primavera em mim. Está um calor maravilhoso, mas quem se habitua ao frio sofre com as subidas de temperatura. Quem se acomoda à lágrima esquece como se sorri. Quem enfrenta mágoas de peito aberto, demora a aceitar bênçãos. Sou assim: espero o Inverno inteiro pelo momento em que sinto o Sol queimar-me a pele, mas quando ele finalmente chega, tenho receio da insolação. Tenho dificuldades em viver o presente, medo de não saber aproveitá-lo, entro em pânico ao pensar que vai acabar e que vou voltar ao gélido e cinzento Inverno.

É estranho. Quando se trata de algo negativo, sou tão fria, decidida e despachada, resolvo tudo a sangue frio, faço o que tem de ser feito com segurança e convicção, mesmo que me deixe partida. A descarga de stress só chega depois, na quietude do meu quarto. Por outro lado, quando alguma coisa boa me chega, toda eu sou mãos trémulas e ansiedade, choro e fragilidade.

Quase trinta anos e ainda estou a aprender.  

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