Barbara Palvin |
Gastamos tempo com uma pedra no sapato, em vez de a tirar de lá de uma vez por todas. Vamos moendo a pele, o pé, a perna inteira, até que as dores nos façam coxear. Tentamos, damos tudo de nós, porque sim, porque não pode ser de outra maneira e se eu desistir já, ainda me arrependo porque não dei tudo, não tentei tudo, não fui suficientemente persistente. E até sabemos, no fundo, que estamos a dobrar demasiado o nosso orgulho. Que estamos a ceder demais. Mas continuamos, porque não sabemos ser de outra forma. Apesar de tudo o que não gostámos, mantemo-nos ali, tão firmes como doces, tão amáveis quanto prestáveis, tão atenciosas como desprezadas. E de repente, esgotámos o plafond de tudo o que é bom com alguém. De um momento para o outro, não há mais para dar. Nada. Esvaziaste-me. Não há sequer um «olá» que apeteça dar. Não há mais que cansaço. Morri um bocadinho por dentro, mas já floresci. E hei-de limpar o meu jardim, hás-de ser só mais uma erva daninha que arranquei daqui. Fomos jardim, ficámos silvas. Fomos jardim. Secaste-o.
2 comentários:
Gostei muito deste post porque me identifiquei com ele. Passei recentemente por uma situação semelhante, não por culpa da outra pessoa mas ainda assim foi algo desgastante. Agora tirei a pedra do sapato e sinto-me muito mais leve. Acho que fizeste uma descrição muito boa do que é sentirmo-nos assim. Bom fim-de-semana :)
Muito verdade! Adorei o "fomos jardim, ficámos silvas"... como te entendo :)
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