quarta-feira, 18 de abril de 2012

de tudo o que é antes. - Sexto e penúltimo.

Gisele Bündchen
Os medos são tantos. Nada é inócuo. Não quer saturar, contém-se. Nunca se deve correr o risco de cansar quem se seduz, porque se perde a magia. Se ela existir, claro. De mulher adulta passa a menina. Já não consegue disfarçar o olhar fugidio, nem segurar as palavras que se desprendem. O sorriso é incontrolável, treme sem ter frio. Não consegue esconder quando se perde por instantes naqueles olhos escuros, intensos, que vê tão bonitos. Insegura, não contém as baboseiras, diz coisas que não quer dizer, conta o que não deve. E depois ficam os remorsos, "Não consegui ser interessante"... Caiu na sua própria armadilha, já não sabe quem comanda. Perdera o jogo de cintura com que começara a brincadeira. Era só uma brincadeira. Acha-se graça, acha-lhe graça, brinca com o fogo e depois perde balanço, já não sabe o que faz nem com que objectivo. "Talvez não tenha nenhum", pensa, enquanto lhe surgem mil metas, mil caminhos, mil fins. Porque depois do antes e do durante há sempre um depois. Tenta não pensar muito no assunto, como os viciados quando não querem assumir os sintomas do descontrolo que os levará ao inevitável declínio. Perde-se nos seus pensamentos, que estão lá, com ele, que não faz ideia de que lhe invade a mente. O coração quente, o peito cheio, o olhar perdido numa constelação qualquer. Procura respostas no céu, procura-as em si.

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