quarta-feira, 11 de abril de 2012

de tudo o que é antes. - Quinto.

Beyoncé
A voz fica mais doce, o olhar mais tímido, os gestos nervosos. Simula descontracção, tenta ignorar as mãos suadas e o bater do coração. Bate tão forte, tão alto o bater que o ouve ecoar dentro de si e tem medo que ele o ouça também. As palavras saem devagar, a dicção perfeita para não se engasgar, o timbre meloso. Quer tanto revelar-se que o tempo parece voar, as palavras atropelam-se, os assuntos sobrepõem-se. Ele parece-lhe tão seguro de si que soa a ridículo sentir-se assim. Ele não deve ver nada. Será que repara que não lhe é indiferente? Não, de certeza que não - tenta convencer-se. Falta-lhe coragem, oportunidade e audácia. Deixa pistas: o ombro que revela, o sorriso acanhado, o olhar fixo que tenta ler o que não se diz e que foge em seguida. Arma-se em ingénua, faz confidências subtis, mas não dá demais. Tudo o que oferece pode ser nada. Em caso de emergência, justificar-se-á com facilidade. Está no limiar da zona de conforto, que o abismo atrai sempre, não é? Será ele tudo o que imagina? A cortesia pode ser apenas isso, a simpatia também. O charme pode ser natural, o sorriso circunstancial. A atenção por obrigação existe porque a educação nos impele a determinado tipo de atitudes. E vai andando e pensando em tudo e em nada, sorrindo por se sentir adolescente, viva, cheia de vida.

3 comentários:

Vanessa V. disse...

Palavras lindas! É só o que consigo dizer!

Maria disse...

Escreves super bem :) a sério, muito bem mesmo :)

bjinho**

Lady Lamp disse...

Obrigada, Vanessa.! Todas nós já sentimos tudo isto, num ou noutro momento da nossa vida, não é? :)*

Ohhh obrigada, Maria. Mesmo. :)*

Beijinhos*