quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Aí está ele outra vez!

Keira Knightley
Já se sente o dia a chegar. Na blogosfera, nas lojas, no Facebook. O Dia dos Namorados está aí.
Não sou fã da efeméride, já o disse algures por aqui e por acolá. Sempre me irritou o impingir de sentimentos ou de comportamentos. Sempre me irritaram as emoções forçadas. O dar porque tem que ser. Foi por isso que combinei com o noivinho que não poderíamos comprar nada. Temos que fazer o presente e não há cá jantarinhos. Gosto que ele me ofereça mimos sem ocasião especial. Que me compre aquela pulseira porque se lembrou de mim. Sou mais feliz assim, pronto.
Não gosto do Dia dos Namorados porque me irrita. Corações por todo o lado, promoções a apelar ao consumismo, deturpações da palavra consagrada, que toda a gente dá à toa, em troca de quase nada(*). E porque não gosto nada que as minhas amigas que não estão numa relação o sintam dolorosamente. Como uma pedrinha debaixo dos colchões, um alfinete que não perfura mas pica, um pequeno incómodo.
Não tem que ser assim.
Estar solteira é a possibilidade de viver só para nós. É não ter que abdicar do tempo que queremos para gastar connosco. É poder dormir de rolos na cabeça, esquecer a depilação na virilha sem culpa, cantar em frente ao espelho sem espectadores. É tirar a noite para ler sem preocupações com a luz que fica acesa, ir ao cinema sem companhia, sem perguntas nem conversas durante o filme. É ficar horas na banheira, a curtir os sais de banho. Tirar o dia para pintar sem ter que responder às mensagens. Sair com as amigas sem ter que avisar que está tudo bem. Chegar a casa e não ter que dar cavaco disso a ninguém. Flirtar sem culpa. Conquistar porque sim. Deixar que nos conquistem sem querer mais nada. Poder fazer o que nos der na real gana. Abrir as portas do coração porque o espaço não está ocupado.
Nas alturas em que não tinha namorado, os jantares do Dia de São Valentim eram minuciosamente preparados por mim e pelas bffs, com direito a mesa bonita e arranjos florais. Nós as três, um bom vinho e uma refeição deliciosa. Celebrávamos a ausência necessidade de um homem na nossa vida, porque sabíamos que não precisávamos dele, ainda que não negássemos as maravilhas de estar apaixonada.
Porque já sabíamos como é: hoje estamos sós, livres e independentes. Amanhã, há alguém que nos dá a volta, nos rouba o espaço, se apodera do nosso coração e partilha a nossa vida enquanto nós partilhamos a dele. Vivemos juntos, de mão dada. E isso é muito bom, é verdade. No entanto, não pode ser a razão para a felicidade, ainda que seja grande parte dela. O que quero dizer é que enquanto não nos encontramos a meio caminho com essa pessoa que anda à nossa procura, devemos aproveitar. Porque só quando estivermos a adorar estar connosco, em paz com quem somos e certas de que não precisamos de mais ninguém, só nesse momento é que a Vida, irónica como sempre, nos rouba essa certeza.


(*) Da Weasel, lembram-se?

2 comentários:

Maria disse...

"Estar solteira é a possibilidade de viver só para nós. É não ter que abdicar do tempo que queremos para gastar connosco. É poder dormir de rolos na cabeça, esquecer a depilação na virilha sem culpa, cantar em frente ao espelho sem espectadores. É tirar a noite para ler sem preocupações com a luz que fica acesa, ir ao cinema sem companhia, sem perguntas nem conversas durante o filme. É ficar horas na banheira, a curtir os sais de banho. Tirar o dia para pintar sem ter que responder às mensagens. Sair com as amigas sem ter que avisar que está tudo bem. Chegar a casa e não ter que dar cavaco disso a ninguém. Flirtar sem culpa. Conquistar porque sim. Deixar que nos conquistem sem querer mais nada. Poder fazer o que nos der na real gana. Abrir as portas do coração porque o espaço não está ocupado."

"Hoje estamos sós, livres e independentes. Amanhã, há alguém que nos dá a volta, nos rouba o espaço, se apodera do nosso coração e partilha a nossa vida enquanto nós partilhamos a dele."

"Enquanto não nos encontramos a meio caminho com essa pessoa que anda à nossa procura, devemos aproveitar. Porque só quando estivermos a adorar estar connosco, em paz com quem somos e certas de que não precisamos de mais ninguém, só nesse momento é que a Vida, irónica como sempre, nos rouba essa certeza."

Tenho três palavras: ADOREI, ADOREI, ADOREI! :D
Estás tããão certa!Este é daqueles textos que eu vou guardar no pc para ler de vez em quando ;)

Lady Lamp disse...

Fico feliz, Marie*

É só uma questão de ver o copo sempre meio cheio! ;)

Beijinho*