quarta-feira, 20 de julho de 2011

O momento que mais tememos chega depressa porque o medo o chama.

Joan Smalls
Quando quem não me importa me vê através de uma lente turva, deturpando toda a minha maneira de ser e transformando o mais cru e natural de mim em ríspida aridez, não quero saber. Até acho piada. Temam-me. Falem mal, mas falem de mim.
Quando quem me conhece desde o meu sempre insiste em tornar-me na mulher que não sou, dói. Dói-me que não me estejas a ver com os olhos limpos. Dói-me que te confundas e te esqueças de quem sou. Dói-me que me julgues essa maquiavélica manipuladora em que a frieza se manifesta a cada gesto, cujo intuito será sempre aniquilar o outro. Dói-me que não me compreendas. Mais: dói-me que não te queiras dar ao trabalho de perceber.
Talvez seja mais fácil assim. Talvez seja mais conveniente ter uma vilã, para que não encarnes tu essa personagem. Assim serás apenas uma vítima, mais uma vítima. Mas com todo o teu percurso, já devias saber que nada disso é eterno. O momento que mais tememos chega depressa porque o medo o chama. Sabes disso, tu sabes disso. Porque insistes em não ver? O que eu gostava que tu me conhecesses. Que soubesses o que sou cá dentro - parece que te esqueceste. Ficámos só com o pouco que restou das palavras não ditas. Fiquei ofendida, estou ofendida. Todos os dias em que esse olhar gela na minha direcção, sinto-me ofendida, magoada, ultrajada. Cada momento em que tentas lançar uma falsa acusação na minha direcção, sinto-me apodrecer mais um bocadinho. E o pior de tudo é que não há como abrir essa cabeça e recordar-te da pessoa que, no final de contas, te ama incondicionalmente. Para sempre.

Sem comentários: