terça-feira, 26 de abril de 2011

Comigo, o mais banal dos momentos torna-se num episódio memorável.

Pixie Lott
A minha amiga Marilena queria tornar-se dadora de sangue. Nunca pôde fazê-lo porque não tinha peso suficiente (oh! coitadinha!). Este feriado, no Quartel dos Bombeiros Voluntários de Pombal, teve lugar uma recolha de sangue e ela pediu-me para, juntamente com outra amiga, a acompanhar. Lá fomos.
Não tinha esperanças de poder dar sangue. Nunca dei. Nunca pude, embora tenha tentado desde os 18 anos. Sempre com os níveis de hemoglobina demasiado baixos. Decidi tentar de novo e contra todas as expectativas, a médica disse-me que podia ir ter com o enfermeiro.
- Vou dar sangue?!
- Pois... não foi para isso que cá veio?
- Marilena, vou dar sangue!!!
Marilena foi a única que não deu sangue. Eu e a Aninha, que não íamos bem numa de dar alguma coisa, sentámo-nos nas cadeirinhas. Tive um ataque de riso enorme. O enfermeiro:
- Mas está a rir-se de quê? Nervos?
- Não... (risos) Não era suposto eu dar sangue... (risos) E a única que vinha dar, não dá (risos).
Espetou a agulha e esguichou sangue. A Mana Lamparina arregala os olhos e o riso não dava sinais de querer parar.
- Abra e feche a mão, está bem?
- (risos) Não consigo... (risos e lágrimas)
- Tem de beber água.
- (risos e lágrimas) Não dá, estou a rir...
Bom, lá enchi o saquinho entre gargalhadas e piadas, até que me mandaram apertar um pedacinho de gaze contra o buraco do tamanho do mundo que me deixaram na veia. Já estava farta de ali estar quieta há tanto tempo, até porque era a última pessoa sentada na sala. Levantei-me. Nada de tonturas. Dirigi-me à bela da sala de convívio, onde estavam as minhas amigas. Sentei-me.
- Não quero comer nada, quero é ir-me embora. Já estamos aqui há séculos.
- Menina Lamparina.. olha!
Eram os meus dedos sujos de sangue, parecia um geiser no meu braço. Jorrava sangue daquela cratera! Tiro alguns guardanapos de cima da mesa e de repente, noto um alvoroço ao meu redor. Uns com bata, outros sem ela, várias pessoas com um ar altamente preocupado com algo que não me parecia assim tão grave.
- Quem é que a mandou levantar-se?
- Err... um senhor de bata.
Vendo os olhos arregalados de dadores e enfermeiros, apressei-me a explicar que estava bem, que não ia desmaiar.
- Só queria era outro penso, por favor...
Nisto, já tinha quase uma ligadura no braço. Gostei muito. E fomos para uma esplanada acabar a tarde.

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