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Lily Allen |
Pensei, mas não disse. Ontem encontrei "o" casaco. O mais bonito, com melhor corte, melhor tecido, intemporal. Um trench-coat em azul escuro, com todos os detalhes em dourado - botões e fechos nos bolsos. Gosto de casacos com muitos pormenores desses, mas sempre com um ar clássico. Aquele era tudo o que gosto. Quente, mas não muito pesado e muito macio. Assentava-me na perfeição - nem justo, nem largo, as mangas com a altura certa. Acreditei ter dado de caras com um achado, porque estava perdido numa loja sem nada de especial, num antigo e vazio centro comercial e podia ser equiparado a um must-have da ZARA ou da Mango, daquelas imitações que estas marcas fazem dos artigos das grandes casas. Pergunto o preço, pronta para pagar e levar o casaco que já sentia como meu - duzentos euros.
- Duzentos euros? (procurei a etiqueta para ver que marca me pedia tal arrombo na carteira: não sei o quê chique... hum...)
- Com saldos, cem.
Perante o meu olhar reticente, ela manda:
- Noventa e oito.
Nada feito, pensava eu.
- Faço-lhe os noventa.
É por isto que o comércio local não anda para a frente. De certeza que encontrava um produto idêntico numa das lojas que referi acima, por sessenta euros - sem saldos. Pronto, como gostei muito dele, pode ser que ainda o vá buscar. Ou não. Vamos ver.
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