segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Eu agradeço.

Melodie Monrose
- Boa noite. Peço imensa desculpa, eu estou a ligar de Pombal, mas não tenho o número dos Bombeiros daqui, por isso liguei para o 112...
- Sim, não tem qualquer problema, diga.
- Bom, é que está uma árvore caída na estrada e está a obstruir a via toda. Não é propriamente uma emergência, mas quem vier em sentido contrário não tem muita visibilidade e pode eventualmente ter um acidente...
- Claro. E pode dizer-me de que árvore se trata?
- Dado que estou dentro do carro, está a chover e está escuro... não. Mas é grande o suficiente para, como já lhe disse, ocupar a estrada toda e não deixar ninguém passar.
Dei a morada, agradeci, desliguei, estacionei e já estava na cama quando ouvi a viatura dos Bombeiros chegar. O barulho da motosserra cortava o silêncio da noite e tive pena de não estar a ajudar - mesmo sabendo que só iria desajudar. Quis levar-lhes qualquer bebida quente, mas tive imensa vergonha de o fazer sozinha. Apercebi-me de que eram cinco da manhã e estava alguém ao frio e à chuva a zelar pelo bem de quem não conhece. Pareceu-me estranho que ninguém mais, a não ser eu, soubesse do que se estava a passar. E achei injusto que ninguém lhes tivesse ido agradecer, que entretanto adormeci.

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