Julie Andrews |
Uma catarse, que me apazigua, que me limpa.
Vezes houve em que tive que me conter. Não podia escrever, que isso era o reviver penosos momentos, sentir de novo as dores, verter mais uma vez as lágrimas.
É a escrita que faz de mim o que sou, que me faz ser, que me permite existir. Sou-lhe grata por me ter escolhido para preencher os seus espaços em branco, tudo para mim são letras e frases e orações e sílabas, recursos estilísticos e nomes. Tudo em mim verte, de dentro para fora, a denominação das coisas. E as coisas são tudo, o que me veste e o que respiro, o que penso e o que sinto. Traduzir emoções, coisas não palpáveis, para este código humano, é-me espontâneo e intrínseco, tem um quê de inato e nada mais. É que não me são precisas inspirações para tornar uma folha de papel branca na história de uma vida, de um sonho ou de um segundo. Consome-me. Sou sôfrega pelo dissecar significados. E mesmo quando estou feliz, de bem com a vida e sem tragédias gregas para entreter quem me lê, não consigo parar de escrever. Nem que sejam baboseiras, que também elas me salgam o quotidiano. E tenho rido muito, num estado de alma abençoado. Tudo é motivo para me desfazer em gargalhadas. E não troco isto por nada - nem pela profundeza dos textos que criei com os olhos inchados e o rosto vermelho de tanto chorar.
Ficas canhoto.
2 comentários:
Figas, é como se chama aquele gesto em que se enfia o polegar entre o indicador e o médio, numa intençao de afastar má sorte, mau olhado, invejas e outros sortilégios nefastos antes que nos atinjam.. Para quem crer nisso...
Tomaz.
Sim, mas e então?
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