E então eu disse ao meu pai que andar o dia inteiro em cima de plataformas de madeira não é assim a coisinha mais confortável do mundo.
"- Tens que comprar umas palmilhas!" - respondeu ele, dissertando sobre a variedade que existe no mercado e explicando de que forma poderiam ajudar ao conforto dos meus pezinhos de princesa. Concordei com ele, dizendo-lhe que depois tratava de procurar as tais palmilhas acolchoadas, cheias de altos e baixos, tão comuns entre os adeptos de sapatos desportivos.
O tempo passou e levou com ele a memória desse conselho. Nunca mais me lembrei da tarefa, até entrar numa farmácia. Lá, deparei-me com um expositor cheio de apetrechos para os pés: ele eram almofadas para os joanetes, pensos para os calos, almofadinhas para o calcanhar, palmilhas várias, com e sem espuma, de pele e sintéticas, com preços também variados - de cinco a 20 euros. Comentei a imensidão deste sector de mercado (que nunca me aliciou) com o meu progenitor, que me atirou logo:
- E compraste?
- Quais? No meio de tanta tralha, tive medo de trazer uma coisa errada. Além disso, duvido que os meus pés caibam nos sapatos com tanto acolchoamento.
Uma hora depois, toca o telemóvel:
- Filha, onde estás?
- Na redacção, pai.
- Desce.
Cheguei ao carro e tinha ele a mão estendida.
- Oh, pai... obrigada! Não era preciso ires comprá-las!
- Vá, experimenta-as.
- Aqui? No meio da rua?
- No jornal.
- Pai, eu não me vou descalçar agora para pôr as palmilhas e...
- Porquê? Qual é o problema?
Pronto, a coisa foi mais ou menos assim e eu fui mas é trabalhar. Nunca vou perceber este exagero de atenção que o meu pai dá a estas coisas. Acho o máximo, super querido... mas não percebo. É de ser mulher?
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