quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Ela vai.
Deixa aqui tudo o que a prende ao planeta. Deixa aqui um passado pesado, uma vida com tudo a que teve direito. Deixa aqui os sonhos que se permitiu sonhar quando tinha a minha idade. Deixa aqui família, amigos e tudo aquilo que incluímos no nosso conceito de vida. Existimos não só pelo que somos, mas também por aqueles que nos constroem o ser - os nossos. Os nossos são o porto de abrigo e o palco das mais felizes celebrações. São o nosso contexto, no que respeita à sociabilidade. Ela vai. E vai sem eles. Vai sem parte de si mesma, vai sem o sangue do seu sangue e vai com o passo firme de quem se lança no vazio. Portugal tem destas coisas. Nem sempre é hospitaleiro para os seus. Essa característica fica para os spots publicitários lá fora, que os de lá de fora é que interessa chamar. Nós, os portugueses, perdemos facilmente a utilidade. E ela vai. Consciente disso. Com esse travo amargo na boca. Deixa aqui parte de si, aquilo que foi já não é. Já não é a mulher de fulano tal, gente importante da terra pequena. Já não é a dondoca que esbanja dinheiro em compras nas lojas bem. Agora é ela, crua, lutadora, longe de tudo o que criava uma imagem sua. Ela. Vai.
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1 comentário:
Podes ficar orgulhosa deste texto, Honey. Assim como eu fico de ti.
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