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sexta-feira, 5 de junho de 2015

porque tem de ser.

Amanda Seyfried
Ele acreditava que ela estava sempre em altas. As fotografias partilhadas pelas redes sociais eram óbvias: festas, sorrisos, abraços, amigos, olhos brilhantes e copos na mão.
Ela fazia o filme todo. De certeza que já nem se lembrava do seu nome, porque raio havia ainda de lembrar-se dele?

Ele tentava mostrar ao mundo - e quem sabe se a informação não lhe chegaria - que estava bem, tranquilo, feliz com a sua opção pela solidão.
Ela não tentava mostrar nada, queria era esquecer que estar vivo pode doer.

Nem um nem outro sabiam que a imaginação é sempre fantasia. Que as conjecturas incluem os nossos medos. Que as suposições não constituem a realidade.

E naquele final de noite em que se deitou mais uma vez sozinho na sua casa vazia, espreitou-lhe as fotografias e quis estar com ela no meio da diversão. Ou trazê-la até ali, para que o adormecesse como antes. Não sabia, nunca saberá, que ela estava no sofá, enrolada numa mantinha, fugindo de si mesma mergulhando na estupidificante televisão.

E naquele início de noite em que soube que a noite que tinha sido a deles havia sido gasta entre amigos, ela não deixou de o imaginar com outra ao seu lado. Não sabia, nunca saberá, que entre um copo e outro, houve uma música que lhe despertou as saudades que sente dela mas que finge não sentir.

Não dizem nada, não sabem nada.

Os dois sozinhos, rodeados de gente, num caminho que se faz porque tem de ser.

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