Nunca me soube gabar. Nunca falei muito sobre a média alta com que entrei em Jornalismo na Faculdade de letras da Universidade de Coimbra. Não andei a gritar aos sete ventos que acabei o meu estágio profissional (que nunca perdi tempo com curriculares) com excelente nota.
Não o faço porque não são os números altos que me definem.
Valeu mais o doze com que saí da minha primeira e única oral, de que dependia para terminar o curso, que os redondos dezoitos que pautaram o meu percurso académico. Quando terminei a especialização em Consultoria de Imagem com um desses, houve em mim apenas a sensação de dever cumprido.
Os números não me impressionam.
O que me deslumbra é o legado.
O que fazemos e o que vamos deixando.
Olhando à volta, tenho a sensação de que esta humildade é nociva, porque cai facilmente na desvalorização dos meus feitos. Uma vez que fiz muito menos voluntariado do que gostaria e que não sou dada às ciências exactas, pelo que não fiz nenhuma descoberta significativa que alterasse significativamente a vida de alguém, tenho os meus feitos como normais. E não são. Grandes ou pequenos, são os meus. E são bons. São maravilhosos. Só tenho motivos para me orgulhar de mim.
Primeiro, porque nunca recorri a padrinhos nem cunhas e nunca pedi favores. Fiz tudo sozinha, sempre com o apoio da minha família, mas sozinha. Tomei decisões com base na possível consciência das suas consequências, corri riscos e obtive resultados sempre acima do mediano.
Segundo, porque segundo esse poeta dos tempos modernos de seu nome Virgul, "quem muito fala, muito pouco faz". E se não me vangloriei nem pedi aplausos, foi porque estive ocupada a fazer acontecer. Não preciso que me passem a mão no pêlo e me digam que fui uma linda menina. Se me esforço, se trabalho, se tenho sucesso nos meus investimentos, fico grata a Deus pelas oportunidades que me dá e sigo caminhando. Não espero o louvor de ninguém, foi assim que me educaram - para fazer uso das minhas capacidades e talentos em prol da minha satisfação pessoal e do bem comum, porque é o mínimo que podemos fazer e não há nada de extraordinário nisso.
No entanto, sei que o facto de não apregoar por aí o trabalho que tenho, os esforços que faço e quão bem-sucedida sou também tem as suas desvantagens. O mundo ama dois tipos de pessoas: os falsos e as vítimas; e eu não me encaixo em nenhum dos grupos. Não digo que faço e aconteço para depois ter um currículo cheio de palestras dadas mas sem experiência nenhuma de terreno. Também não sirvo para o papel da coitadinha que é uma trabalhadora incansável e mal tem tempo para admirar a beleza do céu.
Sou assim, sei lá, não gosto de me lamentar nem de puxar dos galões.
Mas e o gozo que me deu encontrar por mero acaso o meu nome numa publicação dessa que foi a minha casa durante tempos tão felizes? Ser parte da história de uma instituição que amo, respeito e admiro, depois de ter sido aluna, foi motivo de orgulho. É motivo de orgulho. E ali está o meu nome, entre outros com backgrounds mais sonantes, como a Visão ou o Público, humildemente imprimido com a ausência de um L, na Vida da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra durante o ano lectivo de 2016/2017.
Há coisas boas. Esta é uma delas.
E ninguém ma tira.
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