terça-feira, 12 de dezembro de 2017

das minhas tristezas que Dezembro agudiza.

Claro que dói. Claro que custa. Mudou tudo, desde que era só uma menina. Já não está cá a minha Vó, os meus pais já não são casados, apesar de terem uma excelente relação e de continuarmos a ser família todos juntos, que eles são nossos pais para todo o sempre e nas datas importantes fazemos questão de estar juntos - em família. Nem toda a gente compreende mas somos assim e é assim que funciona para nós. Somos família. Mas claro que custa. Não há a casa antiga, há tantas ausências - uns morreram, outros não - e tudo mudou. A maioria dos casais já se divorciaram, o mundo está todo diferente, temos todos mais cicatrizes e eu aqui, a ver a mudança acontecer sem perceber ao certo o que se passa. Dói, claro que sim. Dói já não haver quem acredite no Pai Natal. Dói já não ser pequenina. Fui tão feliz sem saber.  

E quando o pai me ofereceu a árvore de Natal exactamente como queria, pequenina e frondosa, para trazer para Lisboa, doeu. Não foi só a comoção que fez a Mana chorar quando viu o presépio amoroso, dentro de uma bola de vidro, com que também nos presenteou. A lágrima foi culpa da tristeza de saber que temos outra casa, outro lugar. Que a nossa é mais nossa que a do pai ou que a da mãe. Que estamos a crescer e que tudo mudou. E não é tão perfeito assim. Não é tão bom assim. Não é. 

Nada é. 

Se fosse, não sentiria apertar a garganta antes da Consoada, ao ver aquela mesa tão bonita e farta, por me lembrar daqueles que vão passar a noite mais marcante do ano ao frio. Sem casa, sem um quarto quentinho como o meu, sem uma cama com lençóis de coralina, sem o fogo da lareira. Se fosse, não haveria pessoas a viver o Natal sentindo menos amor que os meus animais. Se fosse, não me doía. Não me custava. 

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