quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Nunca soube ser outra coisa senão eu.

Emma Stone
Só passaram dois meses desde que completei três décadas de existência e a minha vida já mudou imenso. Tanto que ainda não parei para pensar. Sinceramente, acho que nem quero fazê-lo. Prefiro atravessar os dias vivendo, sem abrir espaços para que a mente se assuste ao processar o natural desconforto inerente a qualquer mudança.

Depois de umas férias em modo nómada, marcadas pela óbvia sensação de que não houve tempo para descanso, comecei a saga da procura de apartamento em Lisboa. De Pombal, a única cidade a que chamei de casa, para aquela que me viu nascer. Depois de muita correria e de muito desespero, a casinha apareceu e eu vim. Vim com a sensação de quem não tem nada a perder. Vim começar do zero. Atrás de mim, ficou um percurso rico em experiência, que me deu a tarimba necessária para me sentir preparada para fazer mais e melhor. Na bagagem, trouxe muito mais do que preciso para o dia-a-dia. Trouxe as saudades da minha casa, do meu quarto lindo, da minha cama, da cozinha espaçosa onde gosto de cozinhar. As imensas saudades do meu pai. As saudades da minha cadela a receber-me diariamente em histeria, como se ver-me fosse o ponto alto da sua vida. As saudades dos meus gatos, os dois aos meus pés. Trouxe os meus amigos que ainda estão ali, a tentar evitar a desertificação, enquanto dão vida ao concelho que vai do mar à serra. Claro que há telemóveis, claro que estou a uma hora e meia de tudo isto... mas não estou lá. E apesar de Lisboa ser a minha cidade preferida, gosto mesmo é de vir cá em lazer. Nunca quis morar aqui. Sempre soube que a minha vida profissional acabaria por ter de passar pela capital, mas desejo ainda que seja apenas uma fase e que possa vir a dividir-me entre esta e outra cidade. Uma como Pombal, onde a qualidade de vida é insuperável. Uma onde os meus filhos possam ir fazer uma consulta ao domicílio com o avô veterinário, onde possam andar de bicicleta pela rua até anoitecer, onde brincar signifique algo parecido com o que fiz na minha infância.

Para já, estou aqui. Sem nada, a começar do zero. Os compassos de tempo na minha vida sempre foram diferentes dos das outras vidas: enquanto todos pensam em casar e ter filhos, ando eu nesta loucura estranha de começar uma nova etapa, novo emprego e novo curso. Nunca soube ser igual aos outros. Nunca soube fazer como os outros. Nunca soube ser outra coisa senão eu.

3 comentários:

Filipa disse...

ah!!!!!! É desta que nos encontramos? :) Beijinho e boa integração!

Ana Catarina disse...

desejo que esta fase seja tudo aquilo que procuras, tudo aquilo que mereces! A bonança chega sempre, só precisamos acreditar e ser pacientes! Mereces tudo de bom, meu coração de ouro! <3 (e quando for a Lisboa, gostava muito mas muito de te conhecer!)

Lady Lamp disse...

Filipa, tem que ser! Temos que combinar, agora não há desculpas! Beijinho*

Ana Catarina, fico à espera dessa visita. Gostava imenso de estar contigo! Obrigada por esses desejos tão bonitos. Desejo-te tudo em dobro. Um beijinho*