terça-feira, 2 de junho de 2015

"Se nos afastamos de nós, perdemos o Norte."

A frase é deste post que escrevi há alguns meses, mas serve como título também ao que vos quero contar. Em Dezembro passado, desisti da imprensa regional, que foi a minha vida desde 2009, para me entregar completamente a um sonho meu.
Ainda deambulava pelos corredores da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e já pedia a Deus que me livrasse de trabalhar em jornais locais. Nada contra, só não me via ali. E porque sempre que afirmei nunca querer determinada coisa, ela me veio ter às mãos, neste caso não aconteceu de forma diferente. Vocês já sabem: comecei por brincadeira n'O Correio de Pombal, quando dei por ela estava feita uma workaholic e quando saí do já extinto jornal, decidi que nunca mais voltaria à imprensa, pelo menos naqueles termos. Para não fugir à regra, quando me vi, estava no Pombal Jornal. E gostei, claro. Sou muito grata por ter feito parte do início de um projecto que além de ser de amigos, queria fazer diferente. Mas entrei com a certeza da partida cá dentro. Sabia que não poderia continuar a fazer jornalismo regional durante muito mais tempo, sob a pena de não conseguir abandoná-lo.

Sinto que envelheci, no meu último ano de trabalho. Física e psicologicamente. Sinto que perdi a tolerância à pequenez, que em terra pequena toda a gente se acha grande e por mais que ame viver aqui, já não sou capaz de fazer fretes. Esgotei o plafond de paciência para as tricas do meio, para os mimimi e as politiquices. Decidi desligar-me, a bem da minha sanidade mental. E não tenho saudades. Fi-lo no momento certo, porque não poderia ser tão cruel comigo mesma que me limitasse num concretizar de tarefas sem encanto, sem grande espaço para criatividade e sem oportunidades para crescer e aprender mais. Nunca mais me hei-de esquecer de jantares associativos a que tive de ir, para fotografar menos gente do que aquela que costumo ter em aniversários meus. Tantos eventos que só tinham interesse para quem os organizava...

Olhando para trás, sei que serviu de muito e que não foi tempo perdido. Não construí uma fortuna, mas um currículo jeitosinho. E aprendi imenso. Principalmente sobre mim.

Desde Janeiro que estou feita eremita, focada apenas na mais bonita criação da minha vida. Sempre quis terminá-lo antes de comemorar as três décadas de existência e foi na última semana de Maio que dei por finalizado o meu primeiro romance. Está feito, imperfeito, mas completo. É meu. O meu livro. Ninguém imagina o que significou para mim poder parar para me dedicar a um projecto pessoal. Ninguém imagina as saudades que já sinto de o escrever. Das minhas personagens.

A partir de hoje, voltarei aos poucos à civilização. Ao blog, também. É difícil socializar depois de tanto tempo comigo. Não apetece voltar à vida real.
A partir de hoje, estarei a decidir o que fazer. Aceitam-se propostas, claro. Sintam-se à vontade.

2 comentários:

Isabel Margarida Simões disse...

Que bom! Fico à espera desse romance! Vou querer ler! :)

Ana Catarina disse...

Opah já tinha tantas saudades tuas por aqui!!! E fico muito curiosa e vou querer ler esse teu romance!!! :) GO GIRL!!!! <3
Beijinhoooooo