terça-feira, 21 de outubro de 2014

Oscar.

Tomava o pequeno-almoço quando soube. Há pessoas que não conhecemos pessoalmente, que nunca pudemos dizer-lhes como apreciamos o seu trabalho e que quando se vão embora, nos fazem sentir que o planeta ficou mais pobre. Foi assim quando me desfiz em lágrimas, ainda miúda, ao saber que já não poderia ver e ouvir Frank Sinatra ao vivo. Foi assim hoje.

Saí do carro para percorrer a pé uma curta distância até ao trabalho e a frase não me saía da cabeça. Andar como se tivesse três homens atrás de mim requer tanta elegância como confiança. Olhei para trás e ocorreu-me que nesta cidade, poucos terão sabido da sua morte. A maioria fala do homicídio que marca a semana, em Soure, mas não imagina que morreu o mestre da elegância.

Há pelo menos uma pessoa aqui que fantasiava com as suas criações. Oscar de la Renta fazia parte de uma das minhas fantasias de menina: estaria presente no meu pedido de casamento. Estaria em New York com esse príncipe com quem protagonizaria o conto de fadas que seria a minha vida. Ele deixaria um bilhete em cima da cama do hotel, por cima de uma caixa, que diria apenas «Veste-o e desce». Na tal caixa, as letras com a assinatura do criador deixar-me-iam de lágrimas nos olhos. O vestido seria vermelho, estruturado e muito volumoso na base. Já envolta em alta costura, desceria até à recepção, onde me encaminhariam para o carro que me levaria até à entrada de um qualquer arranha-céus. Subiria até ao último andar e no terraço, uma orquestra tocava «Fly me to the moon». Ele aparecia, no seu smoking de corte impecável, dançávamos e no fim, ajoelhar-se-ia para me pedir em casamento. Um dos momentos mais felizes da minha vida [fica a dica para o Mr. Perfect out there, quando for pedida em casamento pela segunda e última vez, agradeço que tenha isto em conta] ficaria para todo o sempre associado a Oscar de la Renta.

Oscar de la Renta morreu, mas a obra permanece.
Deve ser boa a sensação de morrer sabendo que deixámos por cá a nossa marca e que trabalhámos o suficiente para poder dispensar apresentações...













2 comentários:

Unknown disse...

É uma pena. Ele criou vestidos de sonho!

Helia disse...

Também vi hoje de manhã no Instagram enquanto tomava o pequeno almoço. Mais uma grande estilista e criador de sonhos que desaparece. :'(