quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Inspira. Expira. Não grita.

Imaginem vocês que são um cozinheiro à séria. Um chef. Daqueles gourmet, cheios de estrelas Michelin, reconhecidos e respeitados internacionalmente. Agora imaginem vocês que são colocados, sabe-se lá porquê, num humilde restaurante de aldeia, onde o cliente não sabe que gourmet não é só aquela ração para gatos que passa nos spots publicitários antes da novela da TVI começar. Onde o cliente só gosta de ser servido em travessas de alumínio e toalhas de papel. Onde o cliente só quer comer moelas, feijoada e frango assado.
E agora imaginem que num lindo dia, decidem embelezar a coisa e servir-lhes a mesma comidinha, mas num prato bonito, bem ornamentado, com um toque de carinho até, porque vocês são dotados de uma certa visão de mundo e como estudaram imenso e tiveram uma experiência bastante proveitosa na vossa área, até percebem do que fazem porque quando se gosta é mais fácil ser-se naturalmente bom no cumprimento do dever.
Imaginaram tudo?
Agora imaginem a sensação que em vós transbordaria quando, depois de se dedicarem a um trabalho menor, um desses que fazemos por caridade, já que a nossa vocação não é tratar de arranjar maneira de deixar um frango assado mais bonitinho, mas definir menus chiquérrimos em restaurantes ultra-hiper-mega-conceituados, ouvir o cliente reclamar. Ainda por cima reclama. Ele, que não sabe nada sobre a vossa profissão, que não percebe puto do que é ser bom na vossa área, que é um ignorante do caraças, ainda manda bitaites sobre aquilo que vocês só fizeram por cortesia. E decide mostrar-vos que faz melhor. E faz cocó. Mas acha que as suas fezes são melhores que a vossa arte.
Foi isto que senti nestas últimas semanas.
Conclusão? Se um dia montar uma empresa, vou à falência porque mando os clientes com as suas exigências ridículas e a sua mania de que fariam tudo melhor... todos à merda. Tudo corrido, à minha frente, em fila indiana, rumo ao estrume e seus derivados, que aqui não há pachorra para aturar gente doida. Gente que acha que a sua migalha é mais importante que o pão de forma inteiro.

Oprah

3 comentários:

Unknown disse...

Como eu concordo com tudo o que dito aqui!

Unknown disse...

Frustrante...

Anónimo disse...

oi??