quinta-feira, 22 de maio de 2014

Hoje estou assim.

Lauren Conrad
Dizia ela que o melhor era não fazer planos, aceitar o que a vida nos traz e ir vivendo. Não projectar, não ter expectativas, não sonhar. Ora toda eu sou sonho e ideias e de facto, isso não me levou a lado nenhum. O meu percurso não tem nenhuma semelhança com o que tinha imaginado para mim. Fui fazendo escolhas por causa dos outros, assumindo responsabilidades por causa dos outros e o meu caminho parece por vezes fundir-se com o dos outros e não ter personalidade própria. Não perdi os sonhos, acho-me demasiado jovem para isso. Não perdi de vista aquela big picture que não sei como hei-de atingir e que não depende só da minha vontade.
Mas hoje estou assim. A olhar para trás, ainda que convicta de que valeu a pena cada opção tomada. Isto não se faz, eu sei, que o caminho é para a frente... mas há dias em que me pergunto como raio vim aqui parar. Queria ter terminado o curso e ir curtir uma independência que já tinha espreitado nos tempos de faculdade. Queria ter tido experiências profissionais estimulantes e próximas de tudo aquilo que me apaixona. Queria ter encontrado o amor da minha vida. Queria ter terminado o meu livro. Queria ter tido o primeiro filho antes dos trinta. Queria ter viajado mais. De repente, os meus dias tornaram-se mais cheios de tarefas, mais vazios de sentido. Desprovidos daquela magia toda que eu queria.
Valeu a pena, claro que sim. Sou grata por tudo, imensamente grata. Vale a pena pelo sorriso da menina dos meus olhos, vale pela sensação de que sou útil aos outros, vale pelo currículo sério e denso que já tenho, pela tarimba, pela experiência, pelo crescimento. Vale por aquilo em que me tornei enquanto ser humano. Mas precisava que a Vida não me fizesse esperar muito para me mostrar que não poderia ter sido de outra forma.

1 comentário:

Maria disse...

agora com 63 anos...como me revejo nas suas palavras...fantástico!