quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Quem feio ama...

Kate Moss
Uma das grandes lições que 2013 me deixou, além das que assinalei no final deste post, foi que não vale a pena insistir. Que o amor tem de fluir naturalmente, já sabia. Que sem espontaneidade perde fluidez, também. Nada de novo em observar que morre e que pode ser morto. Mas o que não podia imaginar era que ele anuncia a sua partida. Ele avisa-nos. O nosso coração sussurra-nos, alerta-nos para o lento esvaziar do copo que o guarda, mas nem sempre queremos ouvi-lo. Fechamos os olhos para não ver as evidências que depois o corpo começa a manifestar. E às vezes o cérebro só reconhece o que já é certeza depois do fim. Quando já terminou tudo. Quando se acabou, esgotou, findou. Nem uma gota no copo. Aprendi que devo ouvir com atenção esses sussurros, antes que o coração comece a transmitir a sua mensagem pelo organismo inteiro, comandando cada célula do meu corpo para me mostrar que devo partir.
Há dias falava com um amigo sobre como esta descoberta me afectou e me fez perceber onde não perder tempo e fiquei surpreendida por também ele prestar atenção a determinados sinais. Por exemplo, ambos sabemos que se o cheiro da pessoa com quem estivermos não nos agradar, não vale a pena estar com ela. Na verdade, estas pequenas rejeições, que por vezes se tentam contornar por parecerem caprichosas ou fúteis, são formas que o que nos envolve o ser encontra para nos dizer que o caminho não é por ali. E quem diz o cheiro, diz qualquer pequena característica que vejamos como defeito - os pontos negros, um ou outro pêlo, as olheiras, um dente demasiado pequeno ou desalinhado, não interessa. O essencial é perceber que as pequenas imperfeições de quem se ama não causam repulsa. Não quero com isto dizer, como é óbvio, que só se ama verdadeiramente alguém quando se amam também os seus quistos sebáceos, longe de mim. Mas quando amamos, o corpo não pode querer afastar-se por causa desses pormenores. Porque são apenas isso, pormenores. E o objecto do amor não se torna menos atraente por causa disso. É como diz o povo: «Quem feio ama, bonito lhe parece».

1 comentário:

AnaJoão* disse...

Não podia concordar mais com esse início do texto..

Beijinhos*