Liv Tyler |
Um dia, a minha bff ligou-me:
- Menina Lamparina, encontrei o J.
- E ele estava bem? Há séculos que não o vejo!
- Ele disse-me para dizer à minha amiga que parasse de falar dele...
- Como assim?
- Que parasses de falar dele e que ele não é gay.
O J. não é gay
Sabem, talvez por ter sido alvo de tantos preconceitos enquanto criança (isto é conversa para outro post), sou das pessoas mais adversas à intolerância que conheço. Em pequena, os meus pais tinham dois amigos que eram namorados. Sem ter visto qualquer manifestação de afecto entre eles, presumi que eram um casal. Quando perguntei à minha mãe se a minha dedução estaria correcta e ela me respondeu que sim, achei normal. Não me chocou, mesmo tendo apenas cinco ou seis anos de idade. Isso não mudou. Tendo amigos e amigas de longa data que são assumidamente homossexuais, vivendo de perto os dramas que atravessaram em determinada altura das suas vidas, só poderia sentir ainda mais respeito por quem não vive dentro do que é a norma instituída. E independentemente da compreensão que não posso ter, por não ser homossexual e por nunca me ter apaixonado por nenhuma mulher, não me parece que tenha o direito de não aceitar e de não respeitar, apenas porque não vivo a situação por dentro.
Nunca falei da orientação sexual do J., até porque não teria nada a dizer. Aliás, ele não costuma ser objecto das minhas conversas. Não temos, como já vos disse, muitos amigos em comum. Senti-me magoada pelo recado que mandou pela minha bff, que tal como eu, ficou incrédula e sem palavras. Conhecendo-me, saberia que o que lhe foram contar não poderia ser verdade. E se desconfiasse, poderia perfeitamente ter esclarecido as suas dúvidas pessoalmente. Sempre preferi a frontalidade. Ainda assim, decidi escrever-lhe uma mensagem no facebook, temendo que não me atendesse o telemóvel. A fúria descrita pela bff fez-me desistir da chamada que teria feito. A sua resposta não foi nada de especial, não quis encontrar-se comigo, pensei que o assunto tinha ficado por ali. Como estava de consciência tranquila, esqueci a triste ocorrência. Até há alguns dias.
Voltei a encontrar o J. e a frieza foi notória. Fiquei com a sensação de que se não me tivesse aproximado, não me teria sequer dado os dois beijinhos da praxe. Só quando a Mana Lamparina comentou o sucedido pensei sobre o estranho momento e associei-o ao diz-que-disse que aqui vos contei. Não sei quanto tempo passou, mas não me lembrava disto. Detesto mal-entendidos destes, mas não me parece que tenha muito mais a fazer. O que me dizem?
3 comentários:
Convidar p um chazinho numa das vossas cidades? Tb já me sucederam coisas abruptas em fins de amizade. Às vezes n há ressurreição possível, mas fazermos o melhor por clarificar uma e outra vez vai deixar-nos aliviados depois, seja qual for o desfecho.
se ja tentaste esclarecer a situação e ele continua assim....
E combinar - obrigar - a um cafezinho para esclarecerem mesmo as coisas? Sempre me fez confusões mal entendidos continuarem mal entendidos... :(
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