sexta-feira, 2 de novembro de 2012

2 de Novembro

Kate Hudson and Goldie Hawn
É o primeiro aniversário que não passamos juntas em vinte e sete anos. E ainda que para muitos seja uma patetice, para mim não. Na minha família e no meu núcleo de amigos íntimos, os aniversários são um assunto sério. Uma data que não pode passar em branco.
É-me difícil aceitar a mudança. Qualquer mudança. Reparei nisto há pouco tempo, uns meses, talvez. Disse-mo o meu pai e aposto que nem ele soube que aquelas palavras me ficaram impressas na mente. Não são poucas as vezes em que descubro características minhas quando outros me revelam no que me dizem. Como quando a minha eterna professora de Português me chamou a atenção para a minha incapacidade de pedir ajuda, por exemplo. Nunca a teria notado se ela não mo tivesse dito. Sem grandes filosofias, a meio de uma conversa banal. Foi assim também com o meu pai: falávamos sobre uma hipotética mudança de carro e eu ofereci resistência, que adoro a minha carrinha, que dou graças a Deus por ela todas as manhãs, que ainda está óptima e mimimi. Pouco depois, discutíamos a ideia de mudar de casa e também nesse momento não demonstrei apreciar a sugestão. "És avessa à mudança", disse ele. Sou avessa à mudança. Custa-me mudar quando não estou certa de que vou mudar para melhor. Gosto de estabilidade e provavelmente a falta dela nos últimos anos tornou-me numa versão um pouco menos dramática do Velho do Restelo. É por esse motivo que este segundo dia do mês de Novembro do ano de 2012 ficará gravado em mim como o primeiro que não passei com a minha mãe. Porque as coisas mudam sem que eu autorize. Porque eu não controlo tudo, infelizmente. Porque as pessoas se transformam e com elas, as relações, os hábitos, as tradições. Se a comunicação não fosse também constituída por uma grande parcela desprovida de verbalidade, numa constante troca de expectativas, tudo seria mais simples.

Parabéns, mãe.

3 comentários:

Fiona disse...

Como eu te compreendo tão bem...

S disse...

Eu sou parecida contigo :)
Bj S

Beadelicious disse...

Percebo-te muito bem! Infelizmente quando fui para a faculdade tive de me habituar estar longe dos meus pais, e isso incluiu muitas vezes não estar presente nos seus dias de anos. Havia sempre um presente, um telefonema, um "não me esqueço de ti".
Custa sempre mas habituei-me, e eles também. Agora o pior de tudo, foi o primeiro e único dia de anos que passei longe dos meus pais. Custou-me! Foi estranho..Incompleto..