sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Quando tudo cai.

Roisin Murphy
É um medo, um pânico. Uma legítima sensação de perda. Perdeu tudo, afinal: o trabalho que não lutou para ter, a família que tinha como garantida, a paz que alcançou. Perdeu o rumo, o sorriso, a gargalhada e o sentido. Não se reconhece, de tão indefinida. Agora até os sonhos lhe querem roubar. Os planos. O futuro. A única força dentro de si era a esperança do que havia de ser. A certeza de uma saída com sabor a sonho mantinha-a acordada, forte, de pé. Foi um instante até que se prostrasse. Não sei precisar quando tudo se desmoronou, mas vi-a perdida logo depois de a ter visto estável e segura. Confortável na sua pele, feliz com os dias, grata pela vida. Foi muito rápido, depressa demais. Apagaram as luzes e deixaram-na sozinha em cena. O que vai ser dela, não sei.

1 comentário:

Fiona disse...

É das piores coisas quando puxam o tapete debaixo de alguém que pensa que está tudo bem... É mesmo do pior...