sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Falar sem voz.

Ava Gardner
Escrever ajuda quando nos queremos fazer ouvir.
É que na oralidade, quem está do lado de lá tende a preocupar-se mais com a sua própria defesa do que em ouvir o que lhe é dito. Então, em vez de comunicação, de transferência de informação, de troca ou de partilha, o diálogo deixa de o ser e passa de conversa a jogo de ataque e contra-ataque sem fim à vista.
Feliz ou infelizmente, não tenho pachorra para perdas de tempo e já não gasto momentos preciosos de vida com conversas que não vão dar a lado algum. Aprendi que não vale a pena insistir quando não nos querem ouvir. E descobri também que às vezes não podemos deixar a mágoa quieta, a recalcar cá dentro, a ocupar espaço, a crescer.
Então vem a escrita.
Quando escrevemos, não há oportunidade para uma resposta imediata nem para uma contra-argumentação que nos corta o raciocínio. Quando a outra pessoa nos lê, fá-lo com atenção e pode por isso interiorizar calmamente a mensagem que pretendemos transmitir. Pode ler uma, duas, três vezes até compreender o sentir por detrás das letras. E assim resolvemos  atritos, mal-entendidos e conflitos que afinal não eram mais que pequenas pedras no sapato.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Feliz ou infelizmente, não tenho pachorra para perdas de tempo e já não gasto momentos preciosos de vida com conversas que não vão dar a lado algum."

Compreendo-te tãaaao bem :) **