segunda-feira, 4 de junho de 2012

Um parênteses no meio da densa prosa que tem enchido os meus dias.

Começo a semana pesada, num passo arrastado que não esconde o cansaço. Não vos consigo contar de como foi bom ver o Lenny (e tocar-lhe). Não consigo falar-vos do bom tempo. Não consigo nada. Hoje não tenho frases giras para animar o sempre chato início de semana. Hoje tenho uma montanha enorme à minha frente e não consigo dar o primeiro passo para começar a escalada. E a carga é tanta, tão enorme que me sinto fraquejar.
Tinha tirado o fim-de-semana para espairecer. Um parênteses no meio da densa prosa que tem enchido os meus dias. Um festival com as minhas meninas. Uma mesa no bar de sempre, um moscatel, as conversas que matariam as saudades dos meus amigos. Este fim-de-semana ia ser grande. Começou em grande. E aquele telefonema de madrugada interrompeu o meu sono e lembrou-me da fragilidade da vida, do risco que corremos de passar desta para melhor num momento fugaz.
Ela está bem, está viva.
Mas o período de tempo em que fui consumida pelo medo de a ter perdido ainda me deixa trémula. As lesões com que ficou hão-de ser passageiras, como nós no mundo.
A chuva no rosto, o frio, os cacos no chão molhado, as luzes azuis das ambulâncias, o olhar perdido, os carros feitos lixo, a amnésia de uma, o pânico de outra.
E ainda envolta em receios, surgiram os pequenos nadas que doem sempre, as mágoas que aumentam, as inseguranças. Só depois do sangue frio, do diagnóstico feito e de estar lá para elas, as lágrimas perderam a timidez. Só depois da madrugada, do dia e da noite.
Além da óbvia descarga emocional, o confronto com a realidade. Com a minha agenda cheia. Não sei se vou ser capaz de fazer tudo o que quero. Tantos planos, tantas metas, uma enorme dívida para comigo. Não sei o que foi feito de mim, onde raio me deixei pendurada, em quem me tornei. Esqueci-me de ser eu. Desleixei-me, escondi-me atrás de desculpas para não ter que lidar com o que incomoda. E agora é tempo de dar o litro e eu ainda estou cansada, amachucada, dorida. Um abraço.
Mas ela está bem. Está viva.
E como ela, também eu me vou levantar para fazer o que tem de ser feito.
Hoje não.
Amanhã.

4 comentários:

Maria disse...

ainda bem que ela está bem... ás vezes não é suficiente pensarmos que a vida é efémera e pode terminar a qualquer momento. muitas vezes precisamos de combater a vontade do 'amanhã' e ter coragem para o 'agora!'...

bjinho baby ;)

Fiona disse...

Abraço muito apertado de muita força para ti!

Beadelicious disse...

Muita força querida!**

Ana Catarina disse...

deixaste-me sem saber o que dizer! Ainda bem que ela está bem! e muita força para ti. às vezes custa darmos um primeiro passo para a mudança, mas o segundo e o terceiro vão se tornando mais fáceis! Coragem!
beijinho*