sexta-feira, 18 de maio de 2012

Há incongruências que me chateiam.

Marion Cotillard
A frase ocupava um muro enorme. Escrita com tinta azul cobalto, maior que eu, gritava estupidez: "Jesus também teve dois pais".
Apelar à tolerância com base num desrespeito agressivo e disfarçado de irreverência não me parece inteligente. Nem que a premissa estivesse correcta me pareceria adequado.
Não quero tecer aqui comentários sobre a homofobia, que abomino. Não vou alongar-me sobre o que penso dos rabiscos por essas ruas fora. Não é a luta por uma causa que questiono, aliás, lamento que ainda exista quem sinta necessidade de ser aceite, de ser tratado de forma indiscriminada, de se assumir (eu cá nunca assumi a minha heterossexualidade). O que me choca é a leviandade de um qualquer chico-esperto.
Decidi contar o que li naquele muro, inexpressivamente e sem qualquer tom depreciativo, a algumas pessoas. "Giro", "Tá giro", "Bem pensado".
Tenho para mim que a maior parte dos seres humanos habita noutro mundo qualquer. Ou que a minha alma é velha, muito velha, antiga, de outra época. Que os meus valores não são os de toda a gente, essa massa cinzenta e homogénea que é a sociedade.
No meu planeta o respeito adquire-se respeitando, da mesma forma que tolerância gera tolerância. Mas no meu planeta só vivo eu.
Resumindo: isto é giro, mas um puto numa escola com um cartaz defendendo a liberalização das drogas não tem piada. Está bonito. Tenho para mim que temos de proceder urgentemente a uma redefinição de conceitos simples, como liberdade e libertinagem.

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