sexta-feira, 27 de abril de 2012

A Vida começa fora da nossa zona de conforto...

Sienna Miller
Até as pessoas que me parecem, a olho nu, uma fortaleza. Até os mais frios, aqueles que não pedem um abraço, que não admitem a solidão em que vivem. Chegam-me estórias de gente resignada. Pessoas acomodadas na sua tristeza quotidiana. Como um calo, é como um calo que não removem. Vão atravessando os dias num coxear lento, suportando nas costas o peso de uma vida que não querem viver, sem forças para tentar erguer a cabeça e olhar à volta. Dizem que tem de ser. Que não podem voltar atrás. Não percebem que na maioria das vezes, mudar leva-os mais à frente. Não recuam por mudar, por abandonar o barco, por desistir. "Quem não te acompanha, atrasa-te", digo. As amarras somos nós que as criamos, que ninguém é de ninguém - o João Pedro Pais tem razão, naquela musiquinha irritante. Enchemos o nosso quarto de tralha: compromissos, medos, responsabilidades fúteis. Tudo se sobrepõe ao mais importante: o eu. Uns não ousam abandonar um casamento falhado, outros não se soltam de um emprego que os transformou na personificação da mais profunda tristeza. É a família, a sociedade, a cidade, o bairro e a rua. É o vizinho do lado, são os amigos e os colegas de trabalho. São as satisfações pedidas pelos conhecidos. E é o medo de arriscar. O medo de dar o salto. O medo de que corra mal. É preferível existir numa estabilidade penosa que numa liberdade perigosa, que estar só no desconhecido é mais assustador que morrer na segurança do confortável.