segunda-feira, 2 de abril de 2012

Foi no Dia das Mentiras, mas era verdade.

Penelope Cruz
Há um ano atrás, estava a deixar aquele que era o meu primeiro emprego a sério. O meu primeiro trabalho. E que trabalho deu. Foi mais trabalho que emprego, foi mais paixão que rotina, foi mais dedicação que obrigação. No primeiro dia de Abril do ano passado, deixei de trabalhar no jornal que já não é o meu jornal. No jornal que se transformou muito em tão pouco tempo. Que já não é o meu jornal. Já não visto a camisola. Já não me orgulho, todas as quartas-feiras, de ter cumprido mais um objectivo. Os meus objectivos pessoais mantiveram-se, evoluíram e cresceram, que aquilo foi um passatempo que levava a sério. Demasiado a sério, talvez. Talvez tenha sido esse o problema. Desde então, o tempo permitiu-me que me focasse naquilo que realmente quero. É nisso que tenho trabalhado. Dos meus tempos de jornalista na terrinha, guardo as coisas boas que me ficaram: tudo o que aprendi, tudo o que cresci e as pessoas. Principalmente as pessoas. Maravilhosas. Que amo de uma forma tão profunda como difícil de expressar. É tão raro ter o privilégio de privar com quem nos ensina algo...
Foi também mais ou menos há um ano que começou uma das fases mais áridas da minha travessia. Tem sido complicado, mas saber que a vida são ciclos e fases ajuda a suportar o rame-rame, o cansaço, os tropeços. E o mais bonito de tudo é ver como ela, a Vida, nos encaminha para o sítio certo. Aos bocadinhos, com calma, com aquele jeitinho irónico que tão bem a caracteriza e depois de nos recordar tudo o que já sabíamos mas que quisemos adormecer por instantes.
E quando der por ela, já estarei grata por tudo o que me cortou, fez ferida, sangrou. Porque a crosta já terá desaparecido e a cicatriz mal se verá. Porque se hoje sou grata por ter saído daquele que era o meu primeiro emprego a sério, não há porque não vir a sentir-me da mesma forma quanto aos meus monstros de agora.

7 comentários:

Ana Catarina disse...

tudo passa, vais ver que o tempo te vai dar as respostas que precisas e procuras!

Buzz disse...

Quero acreditar,s empre, que é das feridas e das quedas que nos fazemos mais fortes.

*

Maria disse...

a tua última frase diz tudo! os medos de hoje n serão os de amanha. o que antes no magoou, agora n magoa,...

bjinho**

http://makeupblah.blogspot.pt/

Unknown disse...

Andei a "passear" um bocadinho no teu blog e adorei. Adorei a maneira como escreves e expões os mais variados assuntos. Sem dúvida será um blog que seguirei.

C.

Anne Ant disse...

Tive muita pena por teres deixado "o jornal", tinhas muito jeito! ~
cigarettesofstone.blogspot.com

Paula Sofia Luz disse...

Fui ler o texto de há um ano. Só com quem escreve com a alma é que fica ferida, dessa forma. Só quem vive (d)as histórias que conta. Mas tudo passa Ana. Não é assim?
Por mim, só tenho pena te teres chegado ao jornalismo neste tempo, em que definha a cada jornal da esquina.

Lady Lamp disse...

Rainha das Estrelas, sei que sim, querida. Obrigada... :)*

Acho que sim, Buzz. A minha experiência diz-me que sim. :)*

Exactamente, Maria. E é tão reconfortante saber disso... ;)*

Obrigada, Marias Choc! Fico feliz! Já estou no teu cantinho também! :)*

Ohhh! :) Obrigada, Ana Formigo! Mais que jeito, tinha prazer no que fazia e acho que isso ajuda muito. :)*

Tudo passa, Paula Sofia Luz. E de repente, já passou um ano. Só esta semana consegui esvaziar a pasta que usava no trabalho - decidi usá-la para transportar as coisas da Tesouraria. Acreditas que não contive as lágrimas? Mas sim, tudo passa. Porque as coisas não nos acontecem. Nós atravessamos os acontecimentos. :)*

Beijinhos*