segunda-feira, 3 de outubro de 2011

da Alienação Involuntária.

Eva Mendes
Imaginem-se num funeral de um ente querido.
O pesar nos semblantes e no silêncio cortado pelo barulho pautado da marcha em que se move o cortejo. As flores que se vêem por ali são pequenos pontos de cor por entre um mar negro de pessoas que se despedem de alguém que deixa saudades. E as saudades ouvem-se num gemido mudo, materializam-se nas lágrimas que banham os tristes rostos, partilham-se nos abraços que tentam confortar o vazio deixado. Há dor. A dor de saber que pelo menos por cá não voltaremos a ouvir aquele riso, aquela tosse, aquela expressão característica. Não haverá o contacto físico, o abraço, a mão no ombro, o olhar nos olhos.
"Tenho que tirar a roupa do estendal quando chegar a casa." - e damos por nós subitamente intrigados - "Porque raio me lembrei disto agora?".

Os mais descabidos pensamentos podem surgir descontextualizados e sem razão aparente. Tenho para mim que não se trata de uma insensibilidade atroz, mas sim de um mecanismo de escape que o cérebro humano acciona ao primeiro indício de que podemos dar o tilt.
Dou por mim a pensar num comentário feito no Facebook a meio de uma reunião tensa.
Tenho ideias para fazer um novo colar enquanto antecipo uma discussão acesa com a senhora da secretaria.
Invento muitos projectos quando estou em fases más, aliás, em fases menos boas tendo a ser muito mais criativa, talvez porque quando está tudo bem, o cérebro não tenha que se esforçar para me proteger.

Sem comentários: