quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Nem só a voz nos faz ser vistos sem que se faça uso da retina.

Crystal Renn
Sei que a escrita tem personalidade. Sei que a escrita pode ser como a impressão digital de quem a produz, como uma assinatura. Sei que é possível que reconheçamos o autor de um determinado texto através de pequenas nuances, sejam elas recursos estilísticos, expressões particulares ou até a pontuação. Sei que essa característica abrange todas as formas de arte, porque facilmente reconheço uns Manolo pela forma ou uns Louboutin pela sola vermelha, um Elie Saab pela fluidez e um Oscar de la Renta pelos volumes. Viktor and Rolf costuram-se nos seus exageros, tal como Galliano, por exemplo. Sei que nem só a voz nos faz ser vistos sem que se faça uso da retina. No entanto, às vezes, a ausência de sumptuosidade dos pormenores que fazem com que me descubram num texto, surpreende-me. Não me refiro à caligrafia, que essa imprime nos traços o ser, mas sim ao modo como uso as palavras. Inibe-me saber que é fácil perceber-me por detrás de um texto comercial. E não sei se isso é bom ou mau, porque não noto naquilo que escrevo características tão únicas que o despoletem.

Sem comentários: