quarta-feira, 18 de maio de 2011

Tive uma amiga,

Kate Moss
que perdi algures sem saber porquê, de quem nunca me esqueci e de quem ainda sinto saudades, que era regularmente acusada de ter um mau feitio descomunal. Era fácil para toda a gente dizer dela que era apenas maluca ou doida, apontar-lhe o dedo afirmando que não havia razão para que o seu pavio fosse tão curto. Como se ela fosse desprovida de cérebro, de bom senso ou de coração. Na verdade, essa minha amiga (chamemos-lhe S.), a S., era de uma sensibilidade extrema. E era por isso que sentia tudo mais intensamente que os levianos que a criticavam. Era por isso que atacava, para não se deixar ferir. A S. é uma menina vestida de espessas armaduras, impostas pela vida. Os desprovidos do olhar de Exupéry, aquele que vê o que é essencial e, portanto, invisível aos olhos orgânicos, não conseguem percebê-lo. Eu vi e vejo. E reconheço-me um bocadinho nesse sangue quente que corre nas veias da S.. É que os outros não vêem que quando a bomba rebenta, já houve muitos momentos de raiva oprimida, em que suportámos caladas atitudes que não teríamos, de quem não nos é nada. E o mais irritante é que, quando passados anos, damos o grito do Ipiranga, à nossa volta julgam-nos como loucas. Porque a fama é sempre maior que o proveito e quem já tem a aura do mau feitio colada a si é mais depressa rotulada de sanguinária que a sonsa que nos provoca pela calada a cada minuto.

4 comentários:

Maria Inês Leiria disse...

não sei quem é a S., mas gosto dela.

Lady Lamp disse...

Eu tb. :)

SMD disse...

A grande maioria das pessoas prefere lobos vestidos em pele de cordeiro... Simples, fácil e "barato"... A maioria das pessoas... Depois há as outras que sabem mais vale uma dura verdade que uma dócil mentira...
Tb gosto da S.
Tb gosto de ti

Lady Lamp disse...

:)

Obrigada por este comentário!