quinta-feira, 12 de maio de 2011

Rude. Ou simplesmente falta de chá.

Lily Donaldson
Quando temos qualquer novidade para contar, sabemos que as reacções variam de pessoa para pessoa, é natural. Contei às pessoas mais chegadas que estava noiva e até nesse reduzido círculo, houve diferentes maneiras de expressar felicidade: lágrimas, risos, mãos no rosto, olhos esbugalhados, abraços, mãos nas minhas mãos, beijos no meu anel. Houve quem gritasse, também houve quem agisse com a maior das naturalidades, como se de algo óbvio se tratasse e, por isso, não surpreendesse. Depois de informadas as pessoas do núcleo mais íntimo, passou a ser do conhecimento do mundo que estamos noivos. E é claro que, por mais reservada que queira ser, não se justifica esconder. Tudo bem, assumimos no Facebook. A partir daí, já não vale a pena esconder sequer ao senhor do café ali ao lado. E assim foi. Não pensei muito nas reacções de quem não interessa, confesso. Mas esta surpreendeu-me totalmente. Depois de saber da notícia e ver o anel, ela diz:



- Isto são sempre momentos tristes. Tenho uma colega que também se casou e fico sempre triste.



Ainda não tinha assimilado cada palavra e a minha boca ainda estava aberta, quieta, acompanhando o olhar parado que a fitava, quando as restantes pessoas presentes lhe disseram que não havia motivo para tristezas, que o momento é de felicidade. Ela não se tocou:



- Não, é mesmo triste. Uma pessoa fica sempre a pensar "será que isto me vai acontecer?" e "quando é que chega o meu dia"... é triste.



...



Não consegui dizer nada.

Sabem, sempre quis casar. E sempre que alguém partilhou a sua felicidade comigo, nesta área da vida, fiquei feliz e entusiasmada. Ver que os outros estão bem, faz-me bem. E fez-me sempre acreditar que vale a pena continuar a acreditar, porque acontece. E sempre fui daquelas que choram lágrimas alegres nos casamentos, que não páram de sorrir. Porque me senti sempre genuinamente feliz com a felicidade dos outros. E mesmo que pensasse, por um segundo, de copo na mão, "quando chegará o meu dia?", nunca o fiz com um pingo de inveja no coração.

Não sei o que me surpreendeu mais: o sentimento em si ou a total ausência de educação, sensibilidade e vergonha na cara.

Sem comentários: