quinta-feira, 19 de maio de 2011

por entre as nuvens

Leighton Meester
Nos momentos (estou sempre a escrever momentos, desculpem), nos momentos mais marcantes da minha vida, há sempre um pensamento em mim. A minha Vó não está ali para ver. Quando tirei a carta, não pude levá-la a passear. Quando entrei na faculdade, ela não estava lá para me ver trajada. Quando tive o meu primeiro namorado, não pude contar-lhe. Quando fui trabalhar pela primeira vez, não tive o abraço dela. Agora estou noiva. Ontem, a Mana Lamparina encontrou-me na cozinha, com algumas lágrimas a humedecerem o meu rosto.

- O que se passa, mana?
- Nada de especial, meu amor. Tive saudades da Vó. Volta e meia, olho para o meu anel de noivado e lembro-me que ela não está aqui para o ver...
- Oh mana, não querias ter uma avó com 125 anos, pois não?

A minha Vó morreu com 110 anos. Eu tinha mais ou menos 15. Vivemos juntas desde os meus seis meses de idade. Ela foi a minha avó. Era no colo dela que deitava a minha cabeça e era nos seus braços que encontrava o meu abraço. Era a ela que contava os meus problemas na escola. Era a ela que chateava com as minhas traquinices de miúda. Minha avó mimava-me muito. E eu sonho com elas todas as semanas, mato saudades. Sei que ela estaria orgulhosa de mim agora. Sei que ela ia ficar feliz com o que sou hoje. E sei que ia delirar com a ideia do meu casamento.
Vou pedir a Deus, nesse dia, que a deixe espreitar por entre as nuvens para me ver.

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