terça-feira, 12 de abril de 2011

Nem sempre me apetece inventar um título.

E então ela acreditou que tinha chegado ao fim de uma busca incessante. Depois de muitos tropeços, de muitas lágrimas, de muita luta, tinha encontrado a paz com que morreria. Era ali que queria estar. As janelas abertas, o sol a iluminar a casa, a brisa no rosto enquanto folheava o livro que lia, estendida no sofá. Tudo branco, salpicos de cores das flores que alegravam o ambiente. A música doce e a certeza em si. O abraço no momento certo, a cumplicidade no olhar e na mão, a segurança. Foi um ar que se lhe deu, um tornado que a sugou dali. O seu lugar já não era naquele espaço perfeito, agora destruído por uma fracção de segundo. A voz que antes a envolvia numa suave dormência era agora rude aos seus ouvidos. Insuportável. Não sabe onde está, não quer saber - não quero.

Os leões rugem quando sangram, atacam quando se sentem ameaçados.

"A fúria cresce com o bater do meu coração. Sinto-me traída", lê-se nos seus olhos frios e duros. Foi como se no final de um massacre, lhe levantassem a pele, de uma só vez. 

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