Ainda O Correio de Pombal

Jennifer Lopez

Sei que as pessoas comuns têm esse hábito pequeno de viver, ainda que à distância, as vidas alheias. É isso que alimenta as almas sedentas de uma existência rica e frutuosa. Mesmo assim, fico sempre boquiaberta com o interesse dos outros por aquela que é única e exclusivamente a minha vida. É. Fico. Talvez porque não compreenda tamanha preocupação com o meu bem-estar, sei lá. Estranho sempre que o cinismo falha e a curiosidade se sobrepõe à coerência. Então para que não restem dúvidas, decidi que o melhor era anunciar-vos que estou bem, obrigadinha. Não, não fui despedida. Não, não fui escorraçada por ter cometido uma falha gravíssima. Foi quase um mútuo acordo, ainda que não tenha sido do meu agrado ter que deixar de ocupar o meu quotidiano com um trabalho que além de me fazer sentir útil, também me preenchia e ainda me fazia feliz. A verdade é que, como diz o meu pai, O Correio de Pombal sempre foi um intervalo e não uma perspectiva de carreira. Caso ainda não se tenham lembrado, eu tenho mais que estudar... e tencionava ficar na imprensa local, provavelmente, até terminar o estágio da Carteira Profissional e talvez até ao estágio profissional. Depois logo se via. A tristeza, essa, vem exclusivamente da antecipação de um momento que era esperado num futuro menos próximo. Descansem: não estou perdida. Depois desta semana da ressaca, vem o tempo de arrumar a casa, organizar planos e continuar a ser a menina feliz que sempre fui. Mais nada. E se querem tanto saber coisinhas sobre a minha vida, ficam a saber por mim mesma que ainda não tinha completado 24 horas no desemprego e já tinha outra proposta. Um projecto diferente, ligado à comunicação, pois claro. Paz e sossego, que não foi o fim do mundo para mim nem para vocês, sim? Vá. Calminha.