quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Tenho um problema com autoridade.

Olivia Palermo
A descoberta foi do meu pai. Recordou que já em miúda, depois da primária, desafiava a autoridade das professoras: "O que é que ela quer? Uma labrega, só de Matemática é que ela sabe mais que eu!". É verdade. Nunca respeitei ninguém apenas por se encontrar num lugar mais alto que o meu, numa qualquer hierarquia. Não temo polícias, sou tão respondona com eles como com qualquer outra pessoa. Se se dirigirem a mim educadamente, respondo da mesma forma, é claro, mas a farda não me rouba vénias. Não presto vassalagem a políticos, muito menos aos que puxam dos supostos galões para me fazer baixar a grimpa. Os "patrões" não me intimidam, não sou toda sorrisos para quem manda no meu local de trabalho. No fundo, só respeito quem considero igual ou melhor a mim. Por dentro, claro, que não me refiro a posses mas sim ao conteúdo. Respeito profundamente o agricultor com quem me cruzo e que me conhece por ser filha do meu pai, que me cumprimenta e com quem ainda dou dois dedos de conversa. Há muita sapiência nas gentes simples. Muita riqueza real. Enfim, mas não quero fugir ao verdadeiro assunto: tenho, de facto, um problema com a autoridade. Não gosto que me dêem ordens nem de me sentir subordinada. O mais engraçado é que acredito mesmo que a culpa seja de quem me acusa. É verdade, o meu progenitor sempre me fez sentir que tenho as costas quentes. E bem largas. Se um menino se metesse comigo na escola, o papá ia lá puxar-lhe as orelhas. Se alguém me deve e não quer pagar, o meu pai ralha. Se um namorado me faz o coração em fanicos, ele impõe-se. Se fico sem gasolina porque tive preguiça de ir abastecer, ele traz-me combustível. Se fiz merda e estou em apuros, o pai salva. Só espero que se for presa por desacato à autoridade, o pai me vá buscar à esquadra.

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