segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sou cristã e não gosto do Natal.


Primeiro, porque a maioria das pessoas se esquece do aniversariante e isso parece-me no mínimo, uma grande falta de chá. Sentir-me-ia brutalmente magoada se todos os que me conhecem decidissem comemorar o meu aniversário numa grande festa, com toda a pompa e circunstância e sem a minha presença, sem se lembrarem de mim.
Segundo, porque me irrita a enorme hipocrisia adoptada por todos os que unicamente nesta altura se lembram brincar às caridades. É ridículo. Toda a gente quer ajudar os pobrezinhos, coitadinhos, não vão eles passar uma consoada na rua… mas depois do dia 25, a boa vontade vai-se com o vento e eles que se amanhem. Não têm que comer? Azar, vá trabalhar que tem bom corpo para isso. Dormem debaixo de um pedaço de papelão? Temos pena, não se metesse na má vida, o desorientado. E se alguém pede alguma coisa nos dias entre Janeiro e Novembro, não há cá espírito solidário, que “a mim também ninguém me dá nada”.
Terceiro, porque esta hipocrisia consome toda a gente. Quem não se suporta, partilha uma caixinha de chocolates. Quem não se telefonou durante todo o ano, liga naquela altura. Quem se odeia, abraça-se. Mas quem é que instituiu que nesta quadra temos que ser diferentes?
Tenho uma notícia: não temos. Podemos viver – e isto não é treta, é verdade e eu sou uma prova disso – nesta onda preocupada com o mundo que nos rodeia também todos os 364 dias. Podemos dar a mão a quem não está bem durante todo o ano. E assim, quando chegados a esta altura, não precisaríamos de usar desta tacanha e mesquinha mentalidade católica nacional, que faz com que o povo pense que não faz mal pecar, desde que a malta se redima num dia destes. Assim vive o português, de terço em terço, achando que se disser mal da vizinha durante todo o ano, mas depois no Natal até lhe oferecer uma prendinha boa, fica tudo esquecido. Outra notícia: as coisas não funcionam assim.
E uma nota para aqueles que se lembrarem de, na sua pequenez, me perguntar: “Ah e tal, não gostas do Natal, mas pões aqui uma wishlist…”. É verdade… lá em casa temos o hábito de oferecer mimos uns aos outros e torna-se difícil saber o que dar porque não nos presenteamos só nas datas especiais. Nunca foi preciso fazer anos para receber um presente do meu núcleo mais chegado de família ou de amigos… e torna-se cada vez mais complicado que eles saibam o que realmente me daria jeito ou me agradaria. Então, como sou uma querida, dou-lhes umas dicas. Porque sei que tal como eu, eles têm o maior dos prazeres em oferecer-me coisas de que goste e às quais dê uso. São manias estranhas de pessoas esquisitas, vá-se lá entender… Mas atenção: o consumismo não me põe maluca, ou não teria feito prendinhas handmade... Enfim, posto isto, espero que tenham um Bom Natal, sim? Eu prometo não chorar este ano…

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