sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Já não estou inerte.

Julia Roberts
Sentia-se pouco entusiasmada. Sempre vivera com a paixão que pulsa e emana de cada poro. Sempre fora assim: o brilho nos olhos, o fervor na voz e o frenesim nos gestos. Alegre, o sorriso era já parte das suas feições. Momentos havia em que se irritava - todos estranhavam quando o índice de felicidade nela não apresentava valores máximos. "Não sou o bobo da corte", atirava. Mas também ela preferia estar assim, sentada no cume do monte dos sorrisos. Angustiava-a o medo de perder a luz e a força que a tornam num monumento à existência de Deus. Depois, a pouco e pouco, como os fios de luz solar que penetram os estores pela manhã, a casa dentro de si iluminava-se. Pequenas dádivas que a reconstruíam de dentro para fora. Pequenos pormenores com que brindava o olhar. Voltava a ver a beleza em cada pedra de calçada, em cada flor selvagem, em cada riso de criança e até no futuro por desenhar. De repente, como quem estala os dedos, dava por si sã outra vez.

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