segunda-feira, 23 de abril de 2018

obrigada, wipa.

Chorei quando a minha wipitxa me enviou um texto, na semana passada. Um texto que poderia ter sido escrito por mim - falava de uma das perdas mais dolorosas com que temos que aprender a viver. A ausência de quem ainda está debaixo da mesma lua que nós. A partida de quem ainda está vivo. O luto das amizades, portanto.

Sofro mais com problemas relacionados com amizades do que com términos de relações amorosas e já aqui falei, de forma mais ou menos velada, de como sofri tantas perdas nos últimos anos. Aceitar a ida de pessoas que considerava alicerces da minha existência foi difícil. Lidar com a saudade não é um processo simples, ainda que não seja impossível e o tempo se encarregue de levar o pesar. 

O momento em que sangra tudo em nós e em que finalmente decidimos parar de insistir no que não pode ser apenas um esforço unilateral é marcante. Diria até definitivo. Morrem coisas bonitas que demoram a florescer. E enquanto choramos a ida de um amigo, há outros que se erguem e se revelam. E o texto também focava esse aspecto tão importante nesta jornada que atravessamos enquanto seres sociais. 

Olho à volta e tenho pessoas maravilhosas a morar em mim. Foi por isso que chorei; era gratidão. Houve traições, gigantescas quebras de confiança, facadas desleais. Mas há muito amor, tantos abraços quentinhos, imensos sorrisos cúmplices, telefonemas intermináveis, gargalhadas genuínas, mãos que nos ajudam a levantar. Que bom que é sentir que a Vida leva mas também traz. Saber que num mundo de gente louca, há quem valorize a nossa presença, quem nos queira bem, quem nos leia e entenda sem esforço. E que perfeito, que sorte imensa, quando é recíproco. 

Naquele dia, em que doía qualquer coisa em mim, ela não sabe quão importante foi ser recordada de deixar de contemplar a aridez dos vazios para focar a minha atenção nas pessoas-bênção que tornam os meus dias mais bonitos. 

Sem comentários: