quinta-feira, 9 de maio de 2019

das coisas que temos que deixar para trás.

Largar - deixar ir.
Abandonar quem nos abandonou ou nos fez abandonar quem éramos.
Tirar da nossa bagagem o peso dos sentimentos que nos puxam para o centro da Terra.
Arrancar do peito as mágoas - a dor da deslealdade que acreditávamos ter calado; a sensação de solidão depois da traição; o medo que germinou, cresceu e cravou as suas raízes à volta do coração, depois de termos sido postas de lado.
Matar o que nos quebrou. Partir em mil pedaços o que nos estilhaçou.
Calar de uma vez por todas as vozes que abafaram a nossa - aquele insulto gratuito, aquela acusação ingrata, aquela crítica invejosa.
Apagar as mentiras que nos cortaram por dentro.
Largar tudo isso - deixar ir.
Abrir os olhos e ver apenas quem merece ser visto.
Abraçar o que nos faz bem, o que nos reforça a confiança, o que nos eleva.
Encher os pulmões de ar fresco e inspirar gratidão.
Reconstruir uma auto-estima feita em pedaços, com carinho, todos os dias.
Amar quem somos, depois da guerra.
Depois da tempestade.
Adubar o amor pela pessoa que somos, que resistiu a tantas tormentas.
Elogiar-lhe a coragem, a resiliência, a capacidade de se reerguer.
Fazê-la sentir-se bonita, boa, sã, útil, generosa, amável, como ser de amor que é.
Como ser de luz que é.
Como alma bonita que mora num corpo perfeito.
Saudável.
Capaz.

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