quinta-feira, 10 de maio de 2018

fragmentos de mim

não pára, a vida. sempre a andar, sempre a correr, um dia, outro, uma semana e um mês. não consigo acompanhá-la, o meu tempo é outro. é como se não fosse terrena, não sei viver aqui, não sou como toda a gente que vai fazendo a vida sem pensar nas flores que estão tão garridas este ano. não olho para baixo enquanto ando na rua, vou de olhos postos no céu, olha aquela nuvem, tão bonita, rasgada por raios de luz. não gosto de coisas aborrecidas, maçam-me os impostos e as contas para pagar. não gosto de débitos directos, de facturas nem de dar o número de contribuinte. não gosto de ir ao banco nem de assinar contratos. parece ser tão mais fácil para toda a gente. sinto-me sufocar quando me prendem nestes emaranhados, os tornozelos presos no fundo do mar e não consigo vir à superfície. sou livre, a minha alma é maior que o corpo que a acolhe, não sei ser de outra forma. e no meio do tanto que tenho para dar, perco-me e entristeço-me sempre que me sinto perdida, pequenina, sem norte. por onde ir, que passos dar? só sei onde quero chegar. o caminho está onde? preciso de luz aqui, que a minha vai apagando. não vejo nada, que o sal das lágrimas já tornou turva a visão. 

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