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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Autárquicas 2017

Lá fui eu, com a Mana, à Escola Secundária. Um domingo de sol, muita gente a encher os corredores do edifício onde vivi anos muito felizes, muitos reencontros agradáveis, muitos sorrisos e conversas curtas, uma missão: exercer o meu direito que também é dever. Votar.

Sempre vivi as autárquicas com especial emoção. Sonhei com este dia três vezes na mesma semana. Acredito que o poder local tem uma proximidade do eleitorado que lhe permite fazer um levantamento tão real como útil das suas necessidades mais prementes. Desde os meus tempos de JSD, de que orgulhosamente fiz parte na altura certa, em que sentia que seríamos úteis para mais do que faxineiros do partido com ambições de carreira política, a época de campanha era marcada pela excitação de querer ver recompensado um esforço comum, em nome do que acreditava ser o melhor para o meu concelho.

Mais que um partido político, rostos de pessoas credíveis e com noção de serviço público.

Não demorei a desiludir-me com o espírito monárquico que impera nas jotas, não demorou a morrer em mim a ingenuidade. Como se de uma dinastia se tratasse, agora vais tu, depois vou eu.

O Jornalismo colocou-me noutro lado da barricada e aí sim, tive plena noção dos jogos de bastidores. Tornei-me mais cínica e cresceu o asco. Percebi que não sou do tipo que teria estômago para lamber botas e enojaram-me certas ascensões. Impressionam-me, ainda hoje, os falsos méritos, as máscaras, as tretas. Chateia-me que o meu concelho não seja diferente. Que os bons não se façam rodear por bons. Que haja sempre crassos erros de casting. Que se dê protagonismo a quem não quer trabalhar para servir um bem comum. Porque é disso que se trata: serviço público. Servir o povo. Aqueles que votam não deveriam ser apaparicados apenas durante os meses em que se apela ao voto. E lamento que a escolha tenha sido tão fácil de fazer, tão fraca a qualidade de quem se disponibilizou - sem desprimor para os grandes vencedores da noite.

Oposições sem carisma, equipas vencedoras que só se safaram pelos protagonistas, votos desperdiçados em partidos sem força porque "ele até é engraçado" - mas que merda é esta?! E as ideias que foram apelidadas de inovadoras, apresentadas por um banana com cara de copo de leite, e que não têm NADA de novo no resto do país? E o outro que é comuna mas que se apresenta como sendo de "famílias importantes da cidade"? Mas que porcaria. Que vergonha. Que pena. Que falta de mundo.

E vejo tanta gente feliz com os surpreendentes resultados do PS nas autárquicas - acham mesmo que vai melhorar alguma coisa? Mais à esquerda, mais à direita, é tudo centro e não é aí que está a virtude. Em terra pequena, que interessa isso? Mais um passeio ali, mais um jardim acolá? Uma estrada alcatroada e um bonito portal para que a minúscula e endividada Câmara Municipal de um concelho com oito freguesias possa dizer que é muito moderna?

Talvez o eleitorado tenha exactamente o que mereça. Talvez seja mesmo verdade e o que se passa na vida política do país seja apenas um reflexo da população. Ignorante, pequenina, desinformada.

Quanto ao meu município, aquele em que continuo a contar 17 freguesias, vai passar a ter as mais interessantes reuniões do executivo camarário que já se viu.

Quanto a mim, tenho um amigo a quem vou pedir os números do Euromilhões...

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