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segunda-feira, 24 de julho de 2017

Hoje faço 32.

E por aqui desde os 25.

Obrigada por me acompanharem desse lado. 

Sou outra pessoa, ainda que mantenha a mesma essência. 

Desde os 25 mudou tanta coisa! Mudei três vezes de casa, uma vez de cidade, mudei de carreira, de sonhos, de objectivos. Cresci. Se pensar no que vivi desde que nasci até agora, confirmo a teoria de que a minha vida é um electrocardiograma. Igual ao que a minha mãe ainda guarda, de 24 de Julho de 1985. A linha que marca o bater do coração lá no alto, depois bem no fundo, às vezes sumido, quase inexistente.

Durante muitos anos pensei que talvez o meu nascimento tivesse sido um engano de Deus. Desde o início, tudo parecia trágico: eu e a minha mãe quase morremos no parto. E depois, fui tendo a estranha sensação de que incomodava toda a gente com quem me cruzava. Marcava tanto as suas vidas com esta intensidade densa. Não passava levemente. Levava-lhes furacões e deixava as garras marcadas nos seus corpos. Sem querer. Só por ser. Nunca me encaixei em nenhum rótulo. Nunca quis pertencer a nenhum grupo. Talvez não houvesse lugar para mim num mundo ao qual não deveria ter vindo. Tantos problemas de timing só poderiam querer dizer isso. 

Depois pedi perdão, parei de ser barro atrevido que questiona o Oleiro acerca da sua obra. Agradeci por ter vindo. Mas foi preciso perder muitos para que valorizasse a estadia. Demorei muito a perceber. Muito mesmo. Décadas. 

Foi preciso que não tivesse nada a perder para que me encontrasse. Ainda estou à descoberta, na verdade. E sinto-me uma miúda que finalmente começa a compreender-se e a amar-se.

Gostava de voltar atrás no tempo e fazer tudo o que ainda não fiz, só para ter mais tempo para aproveitar livremente daqui para a frente. Gostava de voltar atrás e dizer à menina que fui que não faz mal pedir ajuda de vez em quando. Que não faz mal dizer que não, de vez em quando. Que é bom deitar fora o que não nos serve, que é bom afastarmo-nos do que e de quem não nos acrescenta coisas boas. Que está tudo bem mesmo quando não fazemos, vivemos, estamos como a sociedade diz ser normal. Que de perto, ninguém é normal. Que o importante é esta paz que vem de dentro, de quem sabe quem é, de onde veio e que deixa nas mãos de Deus a concretização dos sonhos mais bonitos, secretos e ridículos. Que o importante é sorrir com o vento no rosto, não querer saber do cabelo despenteado e tirar tempo para nós. Cuidar de nós. Ser prioridade na nossa vida, porque se não o fizermos, ninguém vai abdicar do seu tempo para isso. Que os outros nos querem ver bem, mas nunca melhor que eles, portanto calma. Que as desilusões são parte necessária desse processo em que nos colocamos no topo das prioridades. Que a vida deve ser vivida todos os dias, dessa maneira genuína em que somos plenos, sinceros, honestos, leais, verdadeiros. Connosco.

O resto vem.

2 comentários:

  1. Gostei muito da transparência deste post e, apesar de ser apenas uma estranha na blogosfera, fiquei feliz com a parte em que escreves que finalmente estás a descobrir-te e a desenvolver amor-próprio.
    Muitos parabéns (atrasados) e que o caminho fique sempre mais feliz.

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  2. Obrigada pelo carinho que chegou até este lado através desse comentário, Joana! Desejo-te o mesmo! Um grande beijinho*

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Obrigada pelo comentário. :)*