Tinha pensado tirar a primeira semana do ano para manter o ritmo acelerado e fazer aquilo que tenho feito melhor ultimamente: trabalhar. Trabalhar muito.
Os meus planos caíram por terra. Primeiro uma dor de garganta, depois o corpo dorido e quando dei por mim, toda eu era febre. Olhos semicerrados e o adormecer em frente ao computador, tentando cumprir aquilo a que me propus.
A certa altura, desisti. Dei-me por vencida, que a gripe pede medicamentos e a pedrada com que fico não me permite sequer sair de casa, da sala, do sofá, do casulo que criei com mantas e almofadas.
Acho que o meu corpo arranjou esta gripe para que eu parasse. Talvez precisasse de descanso. E eu, que não gosto de me sentir imobilizada, usei esta semana para fazer algo que não fazia há muito tempo: pensar. Pensar no que vai dentro de mim, no que quero, nesse meu lado idealista e dado ao vaguear por entre as ideias, os sentimentos e as emoções.
Redescobri dores que julgava ter aniquilado, senti saudades que não poderia imaginar ainda existirem cá dentro, percebi o que andei a fazer por entre tortuosos caminhos que não me levaram a lado nenhum. Percebi porque comecei certas viagens, porque me deixei levar e onde perdi o amor que digo que já não tenho para dar. Lembrei-me de tudo com clareza.
Só agora o poderia fazer, claro. Quando estamos no meio da tempestade, não podemos perder tempo com coisas complexas, porque o importante é protegermo-nos do frio, do vento e da chuva. Vamos andando, parando por debaixo do que nos cubra um pouco, tentando encontrar refúgios e abrigos. Agora que o Sol começa a dar sinais de vida e a entrar, com os seus fios de luz, nesta casa, posso finalmente perceber tudo o que não pude ver enquanto fugia da intempérie.
E afinal, foi bom tirar um tempo.
Tirar um tempo faz bem ao corpo e à cabecinha. As melhoras.
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