Audrey Hepburn |
Aquela sensação de leveza e de adrenalina, não a sinto. Nunca mais a senti. E quando finalmente quis atirar-me novamente para esse doce abismo, o chão escapou-se-me. Foi por isso e pelas sucessivas dores que os outros me causaram - amigos em quem depositava confiança, principalmente - que me fui fechando em mim, porque eu não me firo. Não me traio, não me minto, não me desiludo. Eu não me morro. Então assim que sinto no ar a probabilidade do apego, fujo. Procuro motivos para me afastar, invento defeitos para continuar em paz. E esse estado de paz implica obrigatoriamente a ausência de romantismos e floreados. Construí muralhas tão altas, tão espessas as paredes que me rodeiam. Quando abro uma pequena fresta, à mínima ameaça à minha segurança, tranco tudo novamente.
«Eu não posso ser penalizado pelo que outras pessoas te tenham feito» - verdade. E até lamento que não seja capaz de mostrar o quanto já gosto, o quanto quero. É-me mais fácil simular desapego, fingir desprendimento, numa indiferença forjada que esconde a doçura que nem quero assumir que existe.
«Não podes ficar assim de cada vez que as coisas não acontecem como queres» - verdade. E até me podem cair lágrimas ao ouvir uma frase que um amigo que perdi me disse tantas vezes, mas do outro lado do telemóvel, só se sentirá frio.
Não aprendo depressa, não sou simples e descomplicada, mas quem sabe se um dia não me dão a volta? Quem sabe se um dia não me volto a sentir segura num abraço e a querer ficar? Quem sabe se não consigo deixar de ter medo?
2 comentários:
Eu acredito que esses braços existem. Pelo menos, assim espero... há muito que também me tranquei e isto não vai lá facilmente... Beijinho e esperança ♥
Beijinho, Anita*
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